Em CINEMA LEBLON, TOMARA QUE RESISTA comentamos o assunto depois de nota divulgada naquele mesmo jornal dando conta das negociações entre o Grupo Luiz Severiano Ribeiro e as Lojas Marisa sobre o aluguel do prédio.
O Globo |
A idéia dos proprietários é construir um prédio comercial, também com cinemas. Foi o que fizeram no lugar do magnífico e finado Cinema São Luiz. O motivo alegado para a proposta: uma crise financeira que perdura há dez anos, afirmaram.
AO CINEMA DE RUA, SEM MEDO DA CHUVA Cinemagia |
Questionam o tombamento do imóvel, o que, até aqui, preservou a arquitetura singela art-decò, e, não obstante as dificuldades mencionadas, manteve o cinema em funcionamento: não fosse tombado ali já haveria mais um prédio envidraçado com 40m de altura, igual a tantos na Cidade Maravilhosa; e as ruas não teriam continuado tão animadas durante os últimos anos.
Aliás, não fosse a Área de Proteção do Ambiente Cultural – APAC do Leblon todas as construções baixas do quarteirão situado entre as ruas Carlos Gois e Cupertino Durão já teriam igualmente ido abaixo, substituídas por panos de vidro contínuos sobre mais farmácias e agências bancárias no andar térreo.
Curiosamente o Grupo empreendedor é dono dos cinemas que existem no Shopping Leblon, a dois quarteirões do cinema de mesmo nome, o que certamente contribuiu para esvaziar a sala de rua antiga – assim como tantas outras, é verdade. Foram inaugurados em dezembro/2006. Não havia crise financeira, por certo.
Recentemente o espaço do Cinema Leblon passou a abrigar também temporadas de ópera internacionais com transmissões ao vivo. Parecia uma ótima solução para atrair o público que não frequenta as sessões pipoca-blokbusters e preencher outros horários. As sessões estavam sempre esgotadas.
Ainda curiosamente, neste caso a Prefeitura não apelou para a fórmula milagrosa – e questionável – que pretende manter atividades sob ameaça de extinção, como as lojas da Rua da Carioca, os ateliês que funcionam na antiga Fábrica Bhering, e a dança da Gafieira Estudantina: a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação, confete para a mídia.
Será que os proprietários, de fato, pretendem fazer mais cinemas?
Não cremos.
Parece ser apenas mais um empreendimento imobiliário à vista cujo projeto, segundo a mesma notícia, felizmente o pedido recebeu a negativa dos órgãos de Proteção do Patrimônio Cultural da cidade.
E você, caro leitor do Urbe CaRioca, o que acha?
O Globo |