Após notícias recentes na grande imprensa sobre o aumento no custo das obras do Metrô, em curso na Cidade do Rio de Janeiro, Atílio Flegner, é administrador do Movimento O METRÔ QUE O RIO PRECISA, faz novas considerações sobre as mudanças de traçados e decisões que prejudicaram o atendimento da população que usa esse meio de transporte, inclusive acarretando superlotação e atrasos, além de alguns motivos que causaram o aumento de despesas.
Por outro lado, o site Caos Carioca questionou a análise apresentada pelo Tribunal de Contas do Estado – TCE, que deu origem à reportagem acima citada.
O que se pode afirmar com absoluta convicção é que o traçado escolhido pelo Governo Estadual, sob o silêncio da Prefeitura, foi “Pra Olimpíada”, jamais para a Cidade do Rio de Janeiro!
De resto, que venham os Jogos, pois, apesar das oportunidades perdidas, daqui a um mês Vai Ter Olimpíada!, e tudo vai dar certo!
Boa leitura.
Urbe CaRioca
Traçado da Linha 6 do Metrô substituído pela construção do BRT Transcarioca com aumentos de gabaritos. Tudo é “Pra Olimpíada“. |
OBRA DO METRÔ: 21 VEZES MAIS CARA EM RELAÇÃO AO PROJETO ORIGINAL DE 1998
Atilio Flegner
Para compreendermos o salto gigantesco e absurdo no valor da obra da antiga Linha 4 do Metrô do Rio – transformada em extensão da Linha 1 – precisamos voltar a 1998. Naquele ano a Companhia do Metropolitano deixara a operação do Metrô, criada a Rio Trilhos, órgão da Secretaria Estadual de Transportes que existe até hoje e somente é responsável pela elaboração e licitação de novas linhas. A operação metroviária das Linhas 1 e 2 ficou a cargo da concessionária Metrô Rio; A Linha 4 (trajeto Morro de São João, em Botafogo ao Jardim Oceânico, na Barra da Tijuca) ficou a cargo da concessionária Rio Barra, que deveria arcar com 336 milhões de reais para a construção da Linha 4. O governo do estado entraria com 392 milhões de reais. Porém, em 1999 o Governo Garotinho, alegando problemas financeiros, não alocou dinheiro algum na Linha 4 para a Barra da Tijuca.
A Linha 4 reapareceu na mídia em 2003 com o projeto Alvorada – Carioca que a Rio Trilhos apresentou à Rio Barra. Porém o governo do Estado não executou a obra, apenas levou o metrô da Estação Siqueira Campos até a Estação Cantagalo.
Em 2007 Sérgio Cabral assumiu o governo estadual e renovou o contrato com a Concessionária Metrô Rio por mais 20 anos a partir de 2018, ou seja, até 2038! Nessa renovação de contrato a concessionária deveria fazer a Ligação 1A e construir a estação Uruguai, além de comprar mais 19 trens para o Metrô. A Ligação 1A foi feita em 2009, mas os trens novos, além de demorarem quase 3 anos para chegar, vieram com erros de especificação. Abriram a Estação General Osório e a Linha 1A, o Metrô ganhou um “cruzamento em Y” e mais 1 Km de linha, mas o número de trens continuou o mesmo, e os intervalos nas pontas de linha quase dobraram. O dia 22 de dezembro de 2009 foi o dia mais caótico do metrô!
A estação Uruguai, inaugurada em 2014, foi na verdade feita no lugar que era conhecido como ‘Rabicho da Tijuca’. O Metrô perdeu, assim, 17 vagas para trens, e também a possibilidade de manobras rápidas, acarretando aumento nos intervalos.
Em 2010 o governo altera o traçado da Linha 4, transformando-a numa extensão da Linha 1 sob rasos argumentos de “compromissos olímpicos“, que foram desmentidos pelo próprio Comitê Olímpico Internacional – COI em carta ao movimento Metrô que o Rio Precisa. A partir de General Osório o trem seguiria para o Jardim Oceânico (Barra da Tijuca) via Leblon.
O solo do traçado original de 1998 era 90% rocha. Como o novo traçado do Metrô passa em áreas de solo muito ruim, com areia e água, obviamente o custo da obra aumentou. Em 2010 a Linha 4 nova estava orçada em R$5 bilhões, porém, entre 2010 e 2014, vários erros acarretaram aumento do preço dessa obra, dentre eles a construção de uma segunda estação General Osório, paralela à atual, e a imprecisão na sondagem no traçado novo, o que demandou reforço de solo ao longo do traçado e atrasou a construção da Estação Jardim de Alah.
Hoje a obra está na casa dos 10 bilhões de reais.
Indo na contramão da engenharia metroviária, contra os moradores, técnicos e contra os relatórios do Ministério Publico, o governo decidiu, pois, fazer o traçado que está sendo executado, repleto de problemas e que resultará em superlotação do resto da “tripa” do Metrô.
De fato, os governos passados perderam a oportunidade de realizar um projeto incrível, que era a Linha 4 original. O Governo atual dispunha de recursos para solucionar todos os problemas do Metrô e dar-lhe qualidade operacional “de primeiro mundo”, porém decisões erradas, pessoas ignorantes e motivadas por interesses maléficos, criaram um sistema completamente desfigurado de sua função original: transportar as pessoas com rapidez, conforto e alta capacidade. E agora o dinheiro acabou…
O Governo não possui dinheiro para pagar os seus servidores, mas insiste de maneira burra na tese de que o dinheiro público emergencial deve ir para as obras do “metrô tripa”, mas, “a esta altura do campeonato” o problema não é mais dinheiro, mas, sim, tempo! Não se inaugura uma linha de Metrô, que nem está nem pronta, em apenas 30 dias: não haverá tempo para fazer os testes necessários!
O único modo possível para restaurar a operação metroviária decente no Rio de Janeiro seria inaugurar a Estação Gávea em 2017, pois poderíamos desmembrar a Linha 1 da Linha 4, fazendo a Linha 1 operar entre Uruguai e Gávea e a Linha 4 entre Gávea e Jardim Oceânico. Porém a obra na estação Gávea está parada há quase 2 anos e não há previsão de retomada.
Coma abertura da ‘pseudo’ Linha 4 para a população, em setembro de 2016, o metrô terá um aumento de demanda, mas não o aumento de lugares, visto que atualmente opera com apenas 30% de sua capacidade devido ao aumento nos intervalos provocados pela Linha 1A. A Linha 1 deveria ofertar 80 mil lugares/hora/sentido, mas, hoje, oferta apenas 24 mil lugares/hora/sentido, o que demonstra a redução absurda de capacidade operacional do Metrô do Rio.
A “novela Metrô do Rio” só pode ser comparada com outra triste novela chamada “Despoluição da Baía de Guanabara”.
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Noticias recentes sobre o Metrô:
http://olimpiadas.uol.com.br/ noticias/redacao/2016/06/24/ metro-olimpico-custa-ao- governo-21-vezes-mais-que-o- previsto-diz-tce.htm
http://g1.globo.com/rio-de- janeiro/noticia/2016/06/com- divida-de-r-350-milhoes-e- verba-barrada-obra-da-linha-4- pode-parar.html
Reportagem com entrevista do Prof.MacDowell
http://g1.globo.com/rio-de-
Reportagem com entrevista do Prof.MacDowell
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