QUARTEL DA PM, O QG DA RUA DOS BARBONOS: AO PÓ. OU NÃO.

Iluchar Desmons – Panorama da Cidade do Rio de Janeiro tomado de Santo Antônio a voo de pássaro – 1854. Vista tomada do Morro de Santo Antônio, vendo-se o quartel da Rua dos Barbonos (atual Evaristo da Veiga), hoje quartel da polícia Militar.

 Texto: Paisagem do Rio de Janeiro, George Ermakoff
Imagem:  Iba Mendes Pesquisa a partir da Biblioteca Nacional Digital do Brasil

Após o anúncio de que a Petrobrás compraria prédio e terreno do Quartel General da Polícia Militar, a estatal recuou, muito embora o Governador tenha mantido a decisão de vender este e outros imóveis como foi explicado em Vendo o Rio, no Estado – Estudo de Caso: Botafogo.


O caso do QG, sítio com dois séculos de História, foi analisado nos posts VENDO O RIO, QUARTEL DA PM E BIGORRILHOS em 23/5/2012, QUARTEL DA PM, A ENORME PEQUENEZde 29/5/2012 e, na sequência, QUARTEL DA PM, UM BOM COMBATE em 01/6/2012.


Os dois últimos, em especial, tiveram boa repercussão. Leitores, estudiosos, militares, e profissionais de várias áreas prontamente colaboraram com sugestões para o melhor aproveitamento do terreno em prol da cidade e de seus moradores – ao invés de simplesmente entregá-lo à construção civil, pequenez corroborada pelo silêncio da Prefeitura – uma vez que a transferência dos policiais era imperativa.


Assim como no caso da Marina da Glória, passado o ano eleitoral o assunto voltou à tona.


Parte do terreno do 2º BPM, em Botafogo, já foi vendida para a construção de edifícios, perdida, pois, a oportunidade de dotar o bairro, carente de áreas verdes e livres, de uma praça. Agora é a vez do QG, um pedaço do coração do Rio de Janeiro. 


Segundo informou o jornal O Globo, a demolição marcada para hoje será adiada porque o prédio ainda não está totalmente desocupado. De nada adiantaram, até aqui, as manifestações contrárias da sociedade nem a respeitável opinião de historiadores, arquitetos e urbanistas de renome, por exemplo, Nireu Cavalcanti, Milton Teixeira, Alexei Bueno e Augusto Ivan Freitas Pinheiro.


Não obstante a palavra daqueles profissionais, o recém-nominado Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, antes SEDREPHAC, e o Conselho Municipal que instrui o Executivo estranhamente consideraram que, do ponto de vista do patrimônio cultural, o imóvel e local que abrigam 200 anos de História do Brasil não são de interesse à proteção.


Impõe-se que o Prefeito – autoridade máxima no que respeita ao uso do solo – aja para impedir a demolição do imóvel e resgatá-lo para a cidade que administra, uma vez ciente de que a área é importante para o Rio do ponto de vista histórico e urbanístico.


Cabe indagar se os órgãos técnicos de planejamento analisaram a hipótese com imparcialidade, passando ao largo da falta de visão e mesquinhez do governo estadual, que pretende trocar o sítio histórico especial por “trinta dinheiros”, com a mesma pequenez que desprezou a oportunidade de criar uma praça em frente ao Palácio da Cidade para favorecer a indústria da construção civil.


Setores das Secretarias de Urbanismo, Habitação, Cultura e Turismo, por exemplo, conforme os objetivos de suas missões institucionais, deveriam propor ao Executivo Municipal que mantivesse entendimentos com o governo estadual com vistas a incorporar prédio e terreno à urbe carioca dando-lhe função para requalificar a região, sem permitir jamais o lugar comum que seria entregá-los também às imobiliárias.



Quartel General da PM, Rua Evaristo da Veiga, Centro, Rio de Janeiro
Foto: O Globo, maio 2012


O QG da PM deve ser trazido à cidade ampliando-se o polo de atração formado pela da Cinelândia, Teatro Municipal, Museu de Belas Artes, Biblioteca Nacional, Palácio Pedro Ernesto, Edifício Amarelinho, entre outros, e estendendo-o até os Arcos da Lapa, APAC da Cruz Vermelha, Passeio Público, Escola de Música e antigo Automóvel Clube, para citar apenas algumas das preciosidades arquitetônicas e históricas presentes no Centro da Cidade que são a nossa memória urbana viva.


Se os órgãos de patrimônio cultural no âmbito das atribuições a eles confiadas entendem que não há interesse para proteção, do ponto de vista urbanístico certamente haverá.


O prefeito da Cidade do Rio de Janeiro está diante de oportunidade única para exercer sua autoridade de modo sóbrio e condigno.


Esperamos que saia do seu silêncio obediente ao governador, e defenda o Rio.

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