Há um ano saudei os caros leitores com a crônica Que 2017 seja um Ano Bom! Comentei a expressão que usávamos para celebrar a passagem do ano e que não ouvia há décadas!
Curiosamente, hoje, o colunista Arthur Xexéo traz o mesmo tema no artigo que se despede de 2017 e dá boas vindas a 2018. Também relata as ‘simpatias’ que os familiares adotavam para trazer sorte durante o ano que se avizinhava. Nossa família também se reunia no Ano Bom, hábito que muda conforme os anos passam e surgem novos interesses, festas pagas e impessoais que fazem a alegria dos mais jovens quando em grupos de amigos. As reuniões retornam quando os jovens se tornam adultos e constroem novos núcleos familiares que se unem aos originais!
Das simpatias que Xexéo recorda só tínhamos a romã parte da ceia, e não aparece a nossa tradicional. O Pai CaRioca dizia que para o ano seguinte trazer dinheiro – importante depois da saúde, amor, paz e harmonia, é claro – à meia-noite todos deveriam segurar a nota disponível de maior valor. Cinco minutos antes da virada ele surgia com um bolinho de dinheiro cuidadosamente separado e dava uma nota para cada um, tutu que recolhia imediatamente aos primeiros minutos do ano seguinte depois de beijos e abraços entre todos: ora, era para dar sorte, dinheiro emprestado, não dado!
Seguramos notas de Cruzeiro, Cruzeiro com e sem centavos, Cruzeiro Novo, Cruzado, Cruzado Novo e Cruzeiro outra vez. Infelizmente ele e a Mãe CaRioca não viveram para o Ano Bom com o Cruzeiro Real e com o Real.
Depois de vários anos e nada de grandes “boladas” aparecerem chegou-se à conclusão de a culpa era da moeda brasileira, sempre atrasada diante da inflação galopante. A solução foi segurar dólares junto com a nota tupiniquim. Não adiantou muito, talvez porque só tivéssemos poucas notas de U$1,00 que, convenhamos, junto com um dinheiro que nenhum país queria, não era grande coisa, e ele se aposentou com a miséria oferecida pelo INSS mesmo, sem ganhar na loteria. A aposentadoria melhorzinha da Mãe CaRioca, funcionária pública, segurava as pontas, e não ficamos na pindaíba!
Se já houvesse a reforma da previdência nivelando todos por baixo, a dureza seria certa, mesmo segurando notas de US$100,00, Libras, Marcos, o que fosse!
Nessa história, a união de parentes e amigos na data, e a diversão da brincadeira era o que importava!
Mais uma vez, aos leitores que prestigiam este espaço urbano-carioca, os votos de que hoje à noite renovem boas lembranças, e que o próximo Ano seja Bom, muito Bom!
Que venha 2018!
Urbe CaRioca