Casa na Rua do Jogo da Bola – Saúde Foto: Fábio Carvalho Blog Azulejos Antigos no Rio de Janeiro |
Não obstante a presença do órgão federal encarregado da proteção de bens culturais de interesse nacional desde 1937 – o IPHAN – os trabalhos pela valorização, preservação e divulgação do patrimônio cultural, desenvolvidos na esfera de governo municipal, foram significativos nas últimas décadas. Deram destaque a conjuntos urbanos com valor cultural de natureza primordialmente local.
Edifício Itahy, Lido, Copacabana flickr.com |
O ‘Buraco do Lume’ existe devido a um tombamento emergencial que garantiu a permanência da praça, um dos raros espaços livres no Centro junto com o Largo da Carioca, a Cinelândia e o entorno dos Arcos da Lapa. Lá seria erguido um prédio de 40 andares. O subsolo foi escavado, por isso o nome estranho: Lume era a construtora; Buraco, o que ela cavou e foi depois coberto para a construção da praça.
Morros da Urca e Pão de Açúcar, aproximadamente 1893/1894 Imagem: Museu Histórico Nacional |
Na ausência de tais iniciativas, quem sabe os franceses não mais subiriam o Corcovado nem os americanos adorariam o Pão de Açúcar! Poderiam ter sido desmontados em pedreiras, tal qual muitas que se espalhavam pelo Rio até serem proibidas por lei urbanística radical.
“Sobrevivemos”, gritam o cronista e os cariocas!
Sim, sobrevivemos. Não foi possível salvar nem o Palácio Monroe, nem tantos outros bens culturais e marcos históricos importantes. Mas, ainda assim, ‘A César o que é de César’: se algo ficou o mérito é de historiadores, pesquisadores, arquitetos, sociólogos e professores – servidores públicos dedicados -, da sociedade civil através dos moradores que lutaram pela preservação dos seus bairros, e, sobretudo, dos administradores que se sensibilizaram aos pedidos e propostas apresentados.
Jornal O Globo |
Nos últimos quatro anos a política não prevaleceu. Surgirá uma torre na Lapa, no meio do Corredor Cultural; outra está a caminho no que restou do Morro de Santo Antônio. Para satisfazer ao Banco Central mudou-se gabarito de altura na APAC da Gamboa. E, finalmente, houve pelo menos dois tombamentos questionáveis: a antiga Fábrica Bhering de Chocolatese a Gafieira Estudantina, ambos no período pré-eleitoral, ambos com dívidas tributárias e objeto de litígio entre particulares. Ambos os casos comentados em Tombamento, A Panaceia do Momento.
Ao autor de Muito Prazer, parabéns por ter chamado a atenção para tema da maior relevância. Ao Executivo, que um pouco da história do patrimônio cultural carioca inspire a próxima gestão quanto à proteção de bens culturais de interesse público, considerada e respeitada por vários administradores.
Há muito a fazer, permanentemente, pela manutenção adequada dos bens culturais. Sua preservação ou tombamento são a base, o primeiro passo.
Quanto às balas perdidas, só nos resta esperar que cessem de vez.
Caro Anônimo,
Obrigada pelo comentário. A possibilidade de opinar pela defesa da cidade e, em especial, do patrimônio cultural carioca, é feita através do Blog. Só os leitores interessados poderão divulgar os textos a quem acharem por bem, se quiserem, é claro!
Um abraço e peço que se identifique quando fizer novos comentários.
Seu texto deve ser encaminhado ao Prefeito, ao Governador e às suas equipes, especialmente àquelas que, ou lutam pela preservação e conservação, ou licenciam e aprovam a desfiguração da nossa Cidade. São os "comedores de floresta" e "comedores de história".