Aterro do Flamengo x Bairro Santos Dumont: duas visões de cidade em disputa

O Aterro do Flamengo nasceu de um momento em que o Rio de Janeiro ainda se entendia como centro político e cultural do país, capaz de pensar soluções urbanas que dialogassem com seu território e sua memória. Ao transformá-lo não apenas em um parque, mas em um museu a céu aberto integrado à paisagem, o projeto afirmou que a cidade poderia ser bela, funcional e, acima de tudo, pública. Ali se consolidou um espaço democrático, onde a circulação, a arte, a história e o lazer se encontraram sem hierarquias, refletindo uma visão de cidade construída para ser compartilhada. É justamente à luz desse exemplo que o debate sobre a retirada do Aeroporto Santos Dumont ganha outra dimensão. A proposta, resultante de um estudo não-governamental, e que prevê a construção de um novo bairro no local, surge em um contexto muito(Leia mais)

Quando eu era criança, pandemia não havia – 2020

CrôniCaRioca À Maria Estela, a todas as crianças que nasceram no Rio de Janeiro neste ano de 2020 tão diferente, e a todos os cariocas pequenos que nos engrandecerão um dia.   Quando eu era criança, pandemia não havia. A bem dizer, assim se cria. Quando muito, endemia. Tempos antes, a influenza levou muitos, Deus os benza. Espanhola, o apelido, devagar, sem alarido, o meu Rio invadia, todo o Mundo já sofria. Quando eu era criança, tive sorte – ousadia – uma França carioca, avenidas, Cinelândia, Paris com praias, montanhas. Na Praça, topiaria, que o olhar admirado, bichos verdes buscaria. Elefantes, passarinhos de folhinhas, que alegria, o Rio de Passos e Agache. Procurando, bastam passos, há quem ache. Um Aterro então surgiu, e o mar se afastou. Pedras pretas, d’outro aterro, outro morro as cobriu, e a água me tirou.(Leia mais)