CrôniCaRioca *Artigo publicado neste blog em 12 de outubro de 2019. Quase seis anos depois, as leis urbanísticas continuam em franca modificação, sempre com o objetivo de aumentar o potencial construtivo dos terrenos no município do Rio de Janeiro. Beco (Dicionário Houaiss) – subst. masculino – 1 rua estreita e curta, por vezes sem saída; ruela – 2 Regionalismo: Ceará. m.q. esquina Chamávamos o lugar de Beco. Ruas nem tão estreitas nem tão curtas aos olhos de uma menina pequena, saídas havia. Quatro entradas, portanto, quatro saídas. Beco, ainda que diferente. Nos anos 1950 e 1970, Zona Sul da Cidade Maravilhosa, a relação dos moradores com as ruas, por certo menos intensa do que na Zona Norte, ainda era rica. O espaço formado pelas vias internas do conjunto de três edifícios, que ainda existe no bairro do Flamengo, era meu e de(Leia mais)
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Segurança e mobilidade em perspectiva nas metrópoles, de Sérgio Magalhães

A cidade metropolitana do Rio tem a maior parcela de população que leva mais de duas horas nos deslocamentos casa-trabalho-casa Por Sérgio Magalhães, arquiteto, preside o Conselho de Habitação e Desenvolvimento Urbano da ACRJ O Globo – Link original Do alto de seus quase 104 verões, o filósofo francês Edgar Morin nos inspira: “Retiramos como lição da História que o improvável pode acontecer, logo é sadio e tonificante tomar o partido do melhor”. A vida das metrópoles é complexa, com questões inter-relacionadas que pedem políticas transversais. Políticas setoriais autônomas não oferecem bom resultado. É o caso da segurança pública quando tratada exclusivamente pelo viés policial. Também o caso da mobilidade, que precisa de articulação entre os agentes públicos responsáveis pelos diversos modais. E da moradia, interligada a eles. Assim, deve ser saudada a recente decisão do Supremo Tribunal Federal em(Leia mais)
Há algo de estranho na estratégia de criação de Parques na gestão Eduardo Paes, de Hugo Costa

Por Hugo Costa, geógrafo Como muitos cariocas, seja na TV em horário nobre ou na internet, fui impactado pelo novo comercial da Prefeitura do Rio de Janeiro falando sobre os novos Parques Urbanos da Cidade do Rio de Janeiro. Se você por um acaso tenha sido um dos poucos cariocas que ainda não viu a peça publicitária, a Prefeitura do Rio montou um endereço na web exclusivamente para falar sobre isso, incluindo o vídeo de ampla divulgação: parquescariocas.prefeitura.rio Neste endereço e no vídeo, a mensagem é bem clara: “Onde tem mais parque, tem mais vida. Os novos parques do Rio estão mudando a vida de muitos cariocas. É mais verde, mais lazer e segurança para as famílias curtirem pertinho de casa, com ocupação de espaços vazios e preservação ambiental.” E cita onde foram construídos os novos Parques do Rio: 1.(Leia mais)
Ai de Ti, Copacabana

Por Claudia Madureira, arquiteta e urbanista, aposentada da PCRJ Copacabana parece ter saído de uma zona de guerra, onde dormem e erram famintos zumbis que reviram montes de lixo, sempre esparramado pelas calçadas. Estas parecem ter sofrido bombardeios, de tantos buracos e remendos. Entre tudo e todos, camelôs. Neste cenário pós- apocalíptico, lojas se transformam em tendas pobres, ou são fechadas. Agências Bancárias abandonam suas instalações com a expansão dos serviços digitais e se oferecem como novos pontos comerciais, inutilmente. Farmácias surgem a cada dia, quatro, cinco por quarteirões, e se mantêm vazias, sugerindo estranhas atividades. Junto ao mar, na calçada, quiosques se fecham com muros de plantas sobre vasos altos e privatizam a visão da praia, em meio a sons tão altos que escondem os ruídos do mar. Entre os quiosques das calçadas, nas areias, barracas informais de(Leia mais)
Ruínas do Solar Visconde de São Lourenço, na Lapa, colocam moradores em risco

A lista do imóveis tombados e preservados (preservados apenas no nome), abandonados e em ruínas, é enorme. O artigo publicado no Diário do Rio e reproduzido a seguir, mostra apenas um exemplo. O debate da questão envolvendo o Solar Visconde de São Lourenço pelos defensores do patrimônio cultural é de longa data, refletindo, mais uma vez, o total descaso do poder público em relação aos bens tombados na Cidade do Rio. Confiram, ao final desta matéria, uma série de links que pontuam a história, a riqueza e o abandono deste bem. Urbe CaRioca Ruínas de antigo casarão do século 18 colocam moradores da Lapa em risco O prédio, tombado pelo Iphan há mais de 80 anos, sofre com a total falta de manutenção. Esta semana, parte de sua estrutura desabou, colocando em risco a segurança de quem passa pela região(Leia mais)
Demolição do Viaduto 31 de Março – Delírios de uma primavera carioca, de William Bittar

Publicado originalmente no Diário do Rio Por William Bittar Nos últimos anos do século XVI, William Shakespeare escreveu a peça Sonho de uma Noite de Verão, provavelmente como presente para um casamento nobre. Entre tantos personagens, acontece a transformação de Fundilhos, uma criatura egocêntrica, em um burro falante. No final do século XVIII, Tomás Antônio Gonzaga escreveu as Cartas Chilenas, relatando desmandos e delírios de um governador, o fanfarrão Minésio, ávido por se eternizar por suas obras. Desiste, louco chefe, dessa empresa: Um soberbo edifício levantado Sobre ossos de inocentes, construído Com lágrimas dos pobres, nunca serve De glória ao seu autor, mas, sim, de opróbrio Quase no final da primavera carioca de 2024, assistimos a mais um delírio municipal que se manifesta na obsessão por demolir viadutos como um passo para se eternizar, contando com a participação de(Leia mais)
Sobre favelas

Das dez favelas mais “verticalizadas” do país, oito estão na Cidade do Rio de Janeiro. São territórios onde Códigos de Obras não existem. Constrói-se à revelia de tudo. O mesmo acontece no resto da cidade, cujos Códigos vigentes são sistematicamente desrespeitados, inclusive com a anuência e o incentivo da Prefeitura, que legaliza o ilegalizável mediante pagamento em espécie. Urbe CaRioca Rio tem oito das dez favelas com mais apartamentos do Brasil; Rocinha é comunidade mais vertical Comunidade da Zona Sul carioca possui 9.443 apartamentos, segundo o Censo 2022 Por Felipe Grinberg e Camila Araujo — O Globo Link original Pela primeira vez, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) coletou dados sobre o estilo de moradias nas favelas brasileiras, como casas, apartamentos e cortiços. O Censo de 2022 para comunidades urbanas mostra que, das dez favelas mais verticais do(Leia mais)
Cadastro de interessadas/os na disciplina: Planos Diretores Municipais

O objeto da disciplina contempla: Leitura em profundidade e análise crítica do novo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Sustentável do Município do Rio de Janeiro (Lei complementar nº 270, de 16/01/2024), mapeando as suas aberturas, possibilidades e ameaças, tendo como ponto de referência a noção de direito à cidade. Analisar peças legislativas posteriores à edição do Plano Diretor, que buscaram deflagrar a sua aplicação Analisar peças legislativas que tramitaram paralelamente ao Plano Diretor, apesar de tratarem de matérias que este também abordava (Reviver Centro, Reconversão de imóveis e outras). Desenvolver a leitura e análise acima referidas tendo em conta o contexto político emergente a partir da eleição, em outubro de 2024, de uma nova gestão municipal e composição da Câmara de Vereadores, para o período 2025-2028 As aulas serão ministradas na Cidade Universitária, Edifício Jorge Machado Moreira das 13h às(Leia mais)
Uma incógnita Urbano CaRioca

As notícias sobre o fechamento do Colégio São Paulo, situado em área nobre do bairro de Ipanema, e o esperado interesse do mercado imobiliário sobre a área, provocam uma reflexão sobre o que substituirá a instituição tradicional que fechará as portas em breve. Não é possível pressupor o volume que será construído no local, porque a legislação urbana do Rio de Janeiro hoje é um mistério. Aos gabaritos previstos para os bairros acrescentam-se andares a mais, diminui-se a área livre do terreno e áreas de garagens são transformadas em novas unidades. Tudo ocorreu com base no aumento de potencial construtivo em toda a cidade, fruto do propalado Reviver Centro, e das perniciosas Mais-Valia e Mais-Valerá. Vizinhos do imóvel onde funciona o quase finado Colégio São Paulo, fiquem atentos. Espaços aéreos, luz, céu e mar à vista, podem estar com os(Leia mais)
Dois pesos, muitas medidas

Muito escrevemos neste espaço sobre as leis urbanísticas que legalizam o irregular e, mais recentemente, aprovam o ilegal, tudo mediante pagamento. Nas favelas – ou comunidades – constrói-se ao bel-prazer, para moradia ou para aluguel. São várias cidades no mesmo Rio de Janeiro, diferentes paisagens, diferentes feições, diferentes regras. Ora se faz vista grossa – há mais de um século, diga-se – seja por incompetência, impossibilidade, leniência, tolerância em função de problemas sociais jamais resolvidos, ou desejo de manter os apelidados currais eleitorais. Ora o poder público age demolindo migalhas diante do gigantesco volume de construções erguidas sem licença. A mídia mostra. O tempo passa. O irregular continuam no ciclo eterno que molda a urbe carioca. Abaixo, notícia sobre mais uma investida sobre percentual mínimo da ilegalidade que grassa no solo urbano do Rio. Urbe CaRioca Prefeitura do Rio diz(Leia mais)
Urbanicídio, de Laerte Rimoli

Conforme publicado recentemente neste espaço urbano-carioca, várias leis urbanísticas perniciosas para a Cidade do Rio de Janeiro foram aprovadas nas duas últimas semanas, às vésperas do recesso parlamentar, a saber: as operações urbanas para beneficiar o Clube de Futebol Vasco da Gama e a que visa levantar recursos para a construção de um Autódromo em Guaratiba; a que, mais uma vez, ressuscita as famigeradas “mais valia” e “mais-valerá”, todas contrariando princípios e índices construtivos estabelecidos no Plano Diretor aprovado em 16/01/2024. Outras estão a caminho: a Operação Urbana Consorciada do Parque do Legado Olímpico RIO 2016 (PLC nº 169/2024), e a venda de 48 (quarenta e oito) terrenos – áreas públicas que serão desafetadas e terrenos Próprios Municipais (PLC nº 161/2024) – provavelmente para receber os gabaritos milionários liberados pelo Prefeito seus vereadores. A desfaçatez não é privilégio do Rio.(Leia mais)