Foto: Beth Santos/ GERJ |
O post A ZONA PORTUÁRIA E O BOULEVARD EXPRESSO: Comentários de Edison Musa, Roberto Anderson, e outros foi recordista de acessos neste blog, com mais de 1000 visualizações. A surpresa causada pela foto publicada na grande imprensa, no último dia 21/06, gerou inúmeros comentários, entre os quais o de que o espaço equivalia ao mesmo Elevado da Perimetral, porém ao rés-do-chão, deslegitimando a tão prometida e esperada reurbanização/revitalização da Zona Portuária.
Alguns dias depois nova reportagem no mesmo jornal (O Globo, 03/07/2016) parecia querer redimir o que a imagem anterior provocara. Trecho:
“Entre os antigos casarões e os armazéns do Cais do Porto, uma via centenária renasceu dos escombros de um viaduto. A Rodrigues Alves, batizada em homenagem a um ex-presidente da República, ressurgiu como avenida após ficar à sombra do Elevado da Perimetral por mais de meio século. De uma ponta a outra, 3,2 quilômetros separam seus extremos. Metade desse trecho, entre a Praça Mauá e o Armazém 6, faz parte da Orla Conde e foi transformada num boulevard. O espaço, todo arborizado, tem banquinhos e deques à beira da Baía. Por ali também circula o moderno VLT, com três pontos de embarque e desembarque de passageiros.”
A nova foto – de fato um alento – e a reportagem mostram que a Avenida Rodrigues Alves, agora livre do tabuleiro da Perimetral, recebeu dois tratamentos: o primeiro trecho entre Praça Mauá até o Armazém nº 6 é humanizado e também chamado Orla Conde embora não fique exatamente na orla marítima; o segundo trecho é apenas mais uma Via Expressa igual às muitas que temos na Urbe CaRioca.
Foto: Beth Santos/ GERJ |
Por certo legados verdadeiros, olímpicos ou não, são: a Praça Mauá; a parte da orla liberada aos pedestres; e o Veículo Leve sobre Trilhos – VLT que até aqui tem se mostrado um sucesso, ao menos do ponto de vista turístico.
De resto, o alívio no trânsito da cidade com a abertura do novo túnel, do “Boulevard Expresso” e da Via Binário não se concretizou, o projeto imobiliário equivocado ainda não deslanchou, as críticas sobre a falta de projetos habitacionais continuam, o Porto dito Maravilha frequenta as páginas policiais, e mais um trecho do “Boulevard” foi entregue, sabe-se lá por que batizado com o nome de Muhammad Ali! Melhor seria dar o nome do famoso boxeador a algum espaço no Parque Olímpico, por óbvio! Ou, talvez faltem brasileiros ilustres mortos para serem homenageados!
Não obstante aspectos positivos, mais polêmicas na Área Central do Rio de Janeiro estão a caminho: o projeto para pintar as fachadas de vários armazéns com grafites, e a demolição de outros.
Quanto à pintura, causam estranheza propostas que, mais uma vez, fazem da cidade quintal particular de poucos, no caso, a produtora que a idealizou. Quem dirá o que melhor cabe à nossa paisagem urbana?
O presidente do Instituto Rio Patrimônio Cultural da Humanidade vê “com muita apreensão o uso recorrente do grafite como uma solução urbana, porque a cidade começa a virar uma colcha de retalhos visuais”, mas não se importa com as demolições: “do ponto de vista da preservação, não se constatou a necessidade de o Executivo determinar a preservação de todos os depósitos”.
Este blog concorda que o excesso de pinturas pode ser prejudicial à paisagem urbana. Sobre as demolições entende que o conjunto deve ser reavaliado quanto à sua manutenção e recuperação. Afinal, o contexto do tombamento feito no ano 2000 – que propôs manter apenas dos armazéns de nº 1 a 7 – era outro, embora as pressões do mercado imobiliário de então e de hoje sejam as mesmas.
É hora de rever os conceitos de acordo com o fortalecimento das ações pela preservação do patrimônio cultural carioca que aumenta a cada dia, seja pelas ações das próprias instituições governamentais, seja porque a sociedade está mais atenta e participativa. É hora de nova análise por parte do Conselho Municipal de Proteção do Patrimônio Cultural do Rio de Janeiro.
Urbe CaRioca