CINE LEBLON – MOCINHOS, VILÕES, CHANCHADAS, e INCERTEZA


Urbe CaRioca

O caso – e aparente ocaso – do Cinema Leblon continua a gerar discussões. Segundo os proprietários a atividade comercial da construção singela ‘art-decò’ inaugurada em 1951 fechará em breve por ser deficitária há dez anos: o espaço antes único, com balcão e 1294 lugares, hoje está dividido em duas salas com o total de 992 lugares. Em 2001 o prédio foi tombado pelo decreto que criou a Área de Proteção do Ambiente Cultural APAC-Leblon*.

O assunto foi tratado aqui em CINEMA LEBLON, TOMARA QUE RESISTA, CINEMA LEBLON, NOVIDADES, e em Artigo: PERDAS CULTURAIS NO RIO: CINE ODEON, CINE LEBLON, RUA DA CARIOCA …, de Sonia Rabello.

Após o anúncio do fechamento e possível aluguel para uma loja de roupas, os empreendedores do Grupo Severiano Ribeiro trazem uma solução salvadora: construir um edifício no terreno com escritórios, três cinemas e outras atividades comerciais. Consta que apresentaram à Prefeitura o projeto de um prédio com sete andares, após uma negativa do órgão de patrimônio cultural, reduzidos para cinco. O projeto não veio a público.
A proposta esbarra, evidentemente, no fato de ser o imóvel tombado e as alterações são restritas para salvaguardar as características arquitetônicas da construção e a ambiência daquele trecho do bairro preservada, conforme decreto da APAC-Leblon. Cabem aqui observações importantes:


Não se tomba o exercício de atividades. Sua existência e longevidade dependem de muitos fatores, o principal, o econômico. Nada obrigará um empresário a manter um negócio em funcionamento, deficitário ou não. Nada.

Por outro lado, a manutenção dos espaços colabora indiretamente para a permanência/atração de certos usos. Foi o que ocorreu, por exemplo, nos bairros da Lapa e Cruz Vermelha onde a preservação dos sobrados ecléticos da virada dos séculos XIX-XX favoreceu a criação de um pólo de restaurantes, bares e entretenimento. A base foi criação da APAC-Cruz Vermelha.


Moradores e artistas ‘abraçaram’ o cinema simbolicamente pela defesa de sua permanência. Nesse contexto, surgiu a proposta redentora – a construção do prédio comercial -, sobre a qual a intitulada Associação de Moradores do bairro AMA-Leblon, representada por sua presidente, publicou um comunicado na imprensa*, defendendo o projeto dos empresários. Afirma que a proposta não compromete “… a fachada ou ambiência, nem tampouco as características culturais do lugar” (…) “inclui a transformação das duas salas atuais em três, mais modernas; uma livraria e um prédio para salas comerciais na área edificante” (…) “o anteprojeto apresentado parece estar rigorosamente dentro da legislação urbanística do bairro e das restrições do tombamento deste imóvel, até porque, disso não abriremos mão” (…) “a solução sugerida é ótima e pode salvar o cinema…”, entre outros comentários.

Não sabemos se a simpática legião de fãs da tela grande e os defensores dos cinemas de rua, com baleiro, pipoqueiro, encontros,  amigos dos bairros e da cidade viva, são a favor do cinema tradicional em si ou do projeto misterioso, curiosamente já analisado e aprovado pela AMA Leblon (?!).



GRANDE OTELO E OSCARITO
Matar ou Correr, 1954
Internet


Nos últimos tempos urbano-cariocas surgiu um perigoso personagem, o vilão Desde Que, protagonista em várias chanchadas:


“Revitalizo a Marina da Glória Desde Que o governo libere gabaritos, área de construção, ocupação, e eu construa um Centro de Convenções, garagens, restaurantes e lojas em área pública tombada e non-aedificandi”.

“Resolvo o problema de acesso ao Corcovado, Desde Que o governo libere gabaritos, área de construção, ocupação da mata, e aprove a construção de Centro de Convenções, garagens, restaurantes e lojas em área pública tombada e protegida pelas leis urbanística e ambiental, na Floresta da Tijuca”.

“Faço a manutenção da praça Desde Que possa construir algumas lojas e instale um enorme painel de propaganda do meu negócio”.

“Construo um Campo de Golfe público (?) Desde Que fique livre das obrigações de doar áreas para a cidade e para o parque, construir a avenida, que o governo mude a lei e libere gabaritos, área de construção, taxa de ocupação, que passe áreas públicas para o meu empreendimento. Ah! Esqueci-me de avisar: o terreno fica na reserva ambiental de Marapendi, também tem que mudar o Zoneamento Ambiental”.

“Faço muitos hotéis para as Olimpíadas e construo a vila dos atletas, Desde Que o governo mude a lei para aumentar a área de construção e a altura dos edifícios, e libere a cobrança devárias obrigações fiscais”.

“Cuido do cantinho da Enseada de Botafogo e da passagem subterrânea abandonada e insegura, Desde Que me permita plantar uma Roda-Gigante Gigante naquela paisagem ímpar”.

Com o Cinema Leblon não é diferente: “Mantenho a atividade, Desde Que modifiquem as leis vigentes, os critérios de proteção, e os parâmetros da APAC”. Mas, nas inevitáveis discussões e pontos de vista variados deve-se ter sempre em conta que:


Revogar o tombamento e o decreto da APAC ou abrir mão de exigências que são aplicadas em casos semelhantes é um precedente perigoso que põe em risco os conceitos estabelecidos e enraizados durante décadas, responsáveis pela memória viva e ambiência urbana de muitos bairros do Rio, da Zona Norte à Zona Sul, no Centro e na Zona Oeste; será um passo que pode demolir literalmente trabalhos e iniciativas que não mais pertencem a administrações passageiras, mas, à cidade e à vida dos cidadãos.

Ainda que essa hipótese ocorresse não seria garantia de que a atividade permanecesse ou perdurasse. Exemplos de cinemas situados em shoppingse galerias comerciais e foram fechados não faltam como nos recentes Shopping Plaza, Rio Design Center Leblon, Galeria Condor, Cine Catete – no shopping construído no lugar do Cinema Azteca -, etc. fora a permanente ameaça às salas dos filmes ditos ‘alternativos’, como do Grupo Estação e da Casa de Cultura Laura Alvim.

Proprietários de imóveis preservados no bairro do Leblon têm se manifestado com indignação e no sentido de que caso haja alguma excepcionalidade em relação às limitações administrativas que incidem sobre o Cinema reivindicarão as mesmas benesses.

A transferência de potencial construtivo do terreno – qual? – para outro local – onde? -, aventada pela prefeitura também não trará sobrevida ao cinema.


A operação proposta está próxima de ser apenas mais um negócio imobiliário que oferece vantagens financeiras mais atraentes do que a exploração comercial de um cinema, como tantas outras atividades que recompensam menos do que o real state, especialmente em uma das áreas mais valorizadas do país!

É aspiração legítima de todo empresário ampliar e maximizar seus lucros, o que, naturalmente, não pode sobrepor-se às normas e, por parte dos gestores, desconsiderar o interesse coletivo e o patrimônio cultural da cidade.

Temos aqui um dilema – segundo o Dicionário Houaiss “necessidade de escolher entre duas saídas contraditórias e igualmente insatisfatórias”. Como salvar o Cinema Leblon com suas características arquitetônicas e espaciais diante da solução proposta pelo proprietário nada garante quanto à permanência da atividade e, a considerar os dados de projeto divulgados pela imprensa e pela AMA Leblon, contraria a norma vigente?


freepick


Se a atual gestão municipal, infelizmente, descumpriu várias promessas de campanha, até aqui manteve uma: não modificar as APACs. Criar uma exceção para o cinema é decretar a morte dessas áreas especiais, desmoralizar as políticas de proteção do patrimônio cultural, e atrair uma enxurrada de ações judiciais contra o município, tudo sem garantias de que o cinema continuará, ao contrário do prédio comercial que poderá ficar na esquina mais animada do Leblon por décadas.




O último recurso seria a fórmula milagrosa – e questionável – adotada pela Prefeitura quando pretende manter atividades ameaçadas de extinção: criar empecilhos. Foi o caso de algumas lojas na Rua da Carioca, de ateliês que funcionam na antiga Fábrica Bhering, e da Gafieira Estudantina: a declaração de utilidade pública para fins de desapropriação, confete para a mídia.

Curiosamente, no triste ocaso do Cine Leblon, a Prefeitura ainda não apelou para o estranho expediente. Mesmo que o fizesse, quem administraria o cinema?

Este filme está longe de terminar. O cinema, infelizmente, não.
E, afinal qual é o projeto de arquitetura defendido pela presidente** da AMA Leblon? Qual é o déficit*** de salas de cinema em proporção à população do país mencionado por um importante cineasta, e o que deve ser feito a respeito? Para a segunda pergunta a resposta certamente não é ‘construir mais um edifício no Leblon’.

Andréa Albuquerque G. Redondo

jun.2014 

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NOTA 1: Várias personalidades têm se manifestado sobre o caso além de Cacá Diegues e Evelyn Rosenzweig: Fernanda Torres, Emir Sader, Augusto Boisson, Rodrigo Constantino, Sérgio Magalhães, Sonia Rabello, Cora Rónai, entre outras. Nas redes sociais o assunto PIPOCA.

NOTA 2: Segundo a imprensa o projeto apresentado ao Instituto Rio Patrimônio da Humanidade, antiga Secretaria Municipal, pelo Grupo Severiano Ribeiro, defendido pela AMA-Lebon, estará na pauta da próxima reunião do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural da Cidade do Rio de Janeiro, quinta-feira dia 26/06/2014.


Internet


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**Informe do Leblon – O GLOBO, Caderno Zona Sul , 12/06/2014 – tb. publicado no O Globo de 14/06 – Se as poltronas do Cinema Leblon falassem… São mais de sessenta anos de história pra contar. Daria um belo filme. Depois de anunciar o fechamento de um dos últimos cinemas de rua da cidade, o grupo Severiano Ribeiro acena para os cariocas com uma boa notícia. Graças a uma parceria com incorporadores da iniciativa privada, há esperanças de salvar o cinema. Mas por enquanto o respeitável público não pode respirar aliviado: a prefeitura ainda não aprovou o projeto apresentado pelos empresários, que lutam para manter a essência cultural do imóvel, interesse que temos em comum com a prefeitura também.
O fato é que atualmente a manutenção de um cinema como o do Leblon é praticamente inviável se a bilheteria for a única fonte de renda do negócio. Assim, o caminho encontrado foi incorporar ao imóvel novas finalidades sem, no entanto, comprometer a fachada ou ambiência, nem tampouco as características culturais do lugar. A proposta inclui a transformação das duas salas atuais em três, mais modernas; uma livraria e um prédio para salas comerciais na área edificante.
O anteprojeto apresentado parece estar rigorosamente dentro da legislação urbanística do bairro e das restrições do tombamento deste imóvel, até porque, disso não abriremos mão.
A solução sugerida é ótima e pode salvar o cinema, que seria modernizado sem comprometimento de sua natureza tradicional. Como o imóvel é tombado, toda a arquitetura da fachada seria mantida. Além disso, ganharíamos um complexo muito interessante, com livraria, café, restaurante etc. A área comercial seria destinada a profissionais liberais e as vagas do estacionamento, disponibilizadas numa quantidade que não adensaria o bairro. Nesse ponto, vale lembrar que, com a chegada do Metrô ao Leblon, moradores de outras regiões precisarão cada vez menos de carro para chegar até aqui.
Diante de uma possibilidade tão boa, a pergunta que não cala é: por que não? O que se sabe é que a rede responsável pelo cinema não tem mais condições econômicas de manter o espaço e o imóvel estaria sendo negociado para uma grande loja de departamentos. Isso seria um imenso prejuízo para todos nós. Até mesmo o secretário municipal de cultura, Sergio Sá Leitão entende que o projeto do grupo Severiano Ribeiro parece viável. Em depoimento no seu mural do facebook ele explicou, inclusive, que técnicos da RioFilme fizeram uma avaliação sobre a melhor solução para o local e aprovaram a construção de um prédio: “É muito melhor que tenha um edifício de cinco andares e o cinema seja mantido, do que um outro tipo de empreendimento”, argumentou.
Não queremos assistir ao filme de mau gosto que seria o fim do nosso cinema. Já bastam os tantos outros, como o tradicionalíssimo Odeon, que tiveram as portas fechadas. Em nome da cultura, suplicamos aos órgãos competentes: salvem o Cine Leblon.
Saudações,
Evelyn Rosenzweig – 
Presidente da AMALEBLON, CAL e ACLEBLON


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***Parte final do artigo de Cacá Diegues publicado no jornal o globo em 14/06/2014 – A prefeitura do Rio de Janeiro estará cometendo um grave equívoco se permitir que o Conselho Municipal de Patrimônio impeça que o cinema Leblon se viabilize financeiramente com a construção de um edifício de cinco andares que não vai alterar a qualidade artística e histórica do imóvel. É preciso conciliar a necessidade de preservação de nossos valores arquitetônicos com as contas do empresário que não se deseja ver falido. Temos um grande déficit de salas de cinema em proporção à população do país, como vamos acabar com as que já existem?

Cacá Diegues é cineasta

  1. E toda discussão em torno do "valor arquitetônico" vai por água abaixo com a entrevista do presidente do instituto Art Déco do Brasil , Márcio Roiter , no O Globo hoje dizendo que 'não há um traço de art déco na fachada do Cinema Leblon que , na visão dele , é horrível…

    Mais um argumento da turminha do idealismo furado sendo desmentido

  2. Cinema de rua não é rentável. Não adianta ficar numa discussão saudosista sem os pés na realidade. O prédio não tem beleza arquitetônica alguma , muito pelo contrário. Não há razão para o tombamento. Mas como fizeram , agora que aturem uma loja de roupas femininas

  3. Totalmente de acordo. Afirmar apenas que é uma questão de viabilidade me parece leviano. O centro comercial proposto nada mais é que um pequeno shopping e o cinema perderia sua principal característica.

  4. Comentário recebido de Carmen Muraro (IPHAN), que agradecemos e divulgamos a seguir. O debate prossegue. Obrigada, Carmen.
    Andrea, esta coisa do "desde que" entendo que tem o mesmo sentido que se dá, por pura inoperância, aos TACs (termos de ajustamento de conduta) que deveriam ser medidas de último caso, em casos excepcionais, mas que ocorrem como moeda de troca muitas vezes, para minimizar o conflito de interesses entre empreendedores (de qualquer natureza) e órgãos de preservação do patrimônio cultural construído.
    Comete-se o descumprimento às normas vigentes e depois acorda-se um ajuste compensatório. Sempre vale a pena.
    No caso do "desde que" a peculiaridade é que o ajuste assume o papel principal da ação.
    Carmen Muraro (Iphan)

  5. Cara Marbel, Obrigada. A intenção do meu artigo foi exatamente mostrar que o assunto não é simples e, especialmente, que não há nenhuma garantia de que os cinemas novos perdurem, infelizmente. Já quanto ao edifício que querem construir não há dúvidas. E seria um precedente perigoso que desmoralizaria as ações e instrumentos de proteção do patrimônio cultural. Acredito que o Conselho de Patrimônio descarte a proposta. Ab.

  6. Olá Andrea
    Obrigada pelo seu comentário.Creio que os moradores do Leblon estão um pouco à deriva no que diz respeito às mudanças e as ameaças de mudança, inclusive as que estão em pauta relativas ao cinema Leblon. Fico bem feliz que algumas discussões estejam aparecendo nesse sentido. Moradores e empresários não devem entrar em rota se colisão, e isso está ocorrendo porque há limites que que precisam ser respeitados de modo a não degradar a qualidade de vida do Bairro. Abraços

  7. Sem querer ser "reducionista", creio q no fundo o indesejado desaparecimento do Cinema Leblon é resultado da perda de poder aquisitivo dos frequentadores, em geral, da insegurança p/ se sair à noite c/ a família, dos preços "$urreai$" de um "jantar-pós- cinema (como era comum há alguns anos atrás) e da concorrência da TV & Internet & Home Theater, etc, etc. Não se trata apenas de tombar ou destombar. País crescendo 1% ao ano = Salve-se Quem Puder!!

  8. Caro Anônimo,
    Obrigada pelo seu comentário, com o qual estou inteiramente de acordo, devo dizer. Na última gestão municipal – e estadual, também, infelizmente parece que tudo está à venda. O caso do cinema Leblon, como analisei no artigo, é bem difícil. No entanto, mudar as regras da APAC e do tombamento seria um precedente gravíssimo. Acredito que o Conselho de Patrimônio Cultural descarte a proposta. É um grupo qualificado que conhece os riscos envolvidos se houver excepcionalidade neste caso. E sabem que não 'salvará o cinema. Não costumo publicar comentários sem identificação, salvo se considero importantes, como é o caso. Ab.

  9. Caro Anônimo,
    Obrigada pelo seu interessante comentário. Talvez ainda haja tempo para o 'debate técnico de alto nível' ao qual você se refere, o que, no entanto, precisaria contar com o interesse dos proprietários em… debater, o que parece, não acontecerá. Miami tem um caso de bairro art-decò, arquitetura simples, abandonada, e hoje lugar recuperado e com vitalidade. Não costumo publicar comentários sem identificação, salvo se considero importantes, como é o caso. Ab.

  10. Viabilidade é a velha desculpa dos empresários para conseguir algo além do que é estabelecido pela legislação. Ninguém pensa em construir uma torre em cima do Teatro Municipal para viabilizá-lo (ele também não se paga…), então porque a atitude com esse bem tombado é diferente? Os empresários precisam compreender que existem limites, nem tudo está à venda… Além do mais, Cacá Diegues pode ser um conhecido cineasta, mas não tem as qualificações necessárias para avaliar se uma modificação de uma edificação protegida afeta o ambiente da APAC.

  11. Andréa, o que tem de pior numa sociedade é a falta de diálogo para assuntos de interesse coletivo, e o que não significa que a verdade se encerra em uma opinião contra e outra a favor e cada um fica com seu cada um. A preservação do Leblon é tão importante pra mim quanto para todos os moradores do bairro e da cidade, que é um todo. O cinema não é lucrativo e não se pode desconsiderar o nosso sistema, que é capitalista. A atividade será explorada pela própria rede Luiz Severino, que tem expertise e terá público como antes, consequência da revitalização do local e seu entorno. Quero lembrar com ênfase que a opinião da AMALEBLON é dos moradores, considerando os comentários que recebemos através do FB, e-mails e no nosso site.
    Esta pode ser uma solução sim, porque o prédio como está não serve sequer para o proprietário morar. Não tem liquidez e empresário é empresário. Quem quer que este destombamento parcial seja um precedente para acabar com as APACs, também pensa na especulação imobiliária como forma de enriquecimento, mas eu sou absolutamente a favor de uma revisão destes imóveis tombados, preservados ou tutelados, porque houve muita incoerência no que diz respeito a preservação do bairro e sua ambiência. Cada caso foi um caso e muitos tombamentos foram feitos sem critério algum. Você deve ter conhecimento da enorme quantidade de empresas informais que se estabelecem em aptos apacados por causa da impossibilidade dos proprietários em mantê-los preservados. Isso, sim, gera adensamento e desorganizados, em planejamento para o Leblon. Acho que está mais do que na hora de se dialogar sobre este assunto, de forma adulta e não passional. Agora a minha opinião: eu temo o fechamento do cinema, como temi o fechamento do Garcia e Rodrigues, o ex-Mac Donald da Dias Ferreira, o ex-Lebronx etc. As sequelas disso são visíveis.
    Muito obrigada pelo seu artigo, que traz o tema para discussão pela e com a sociedade.
    Abs
    Evelyn

  12. No contexto deste novo ciclo de crescimento imobiliario, os tradcionais bairros do Rio são o palco de uma acelerada transformação. Muitos lutam para conservar a sua identidade preterita-cujo sentido de lugar fica comprometido com o risco de desaperecer. Incluidos os casos emblematicos do casario da Rua da Carioca, e agora dos Cines Odeon e Leblon, lançam luz sobre o arcabouço de leis, governança e os processos de crescimento da cidade que segue recebendo novos lançamentos e construções, embora carecendo de uma clara diretriz ou criterios de qualidade desenho urbano, necessario para lograr um espaço coletivo de melhor ambiencia para as atividades sociais e culturais e da fruição publica da cidade. Visitantes e especialistas internacionais sao consistentes em apontar para a nossa singela paisagem deslumbrante, uma arquitetura de qualidade, porem um tecido urbano esgarçado e pobre em qualidade.

    Exemplos não faltam de desenvolvimento urbano exemplar que preserva a sua integridade e o sentido do lugar. O livro "The Economics of Uniqueness – Investing in Historic City Cores and Cultural Heritage Assets for Sustainable Development" (Banco Mundial, 2012) traz uma debate sobre as politicas publicas, planos e projetos que deram certo em harmonizar o desenvolvimento urbano integrado, com a conservacao e respeito ao patrimonio cultural e natural. No caso emblematico do Cine Leblon faltou novamente um debate tecnico de alto nivel para avaliar as melhores opções ou alternativas de aproveitamento deste imovel em seu novo conexto dentro do bairro, sem ter que apelar ou inventar uma nova categoria de "tombamento de sua função de cinema".

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