Conforme publicamos há poucas semanas, com a proposta de oferecer uma experiência gastronômica diferenciada aliada à apreciação do visual paradisíaco da Cidade do Rio de Janeiro nas alturas, o projeto “MasterChef Brasil Nas Nuvens”, até o dia 17 de abril de 2022, terá no Parque do Cantagalo, na Lagoa, um restaurante que ficará suspenso a 50 metros de altura.
A obra foi erguida em área tombada que integra o Patrimônio Cultural da Cidade e da União, e que é non-aedificandi. Ali são permitidas apenas construções de pequeno porte para apoio às atividades de lazer, conforme as leis urbanísticas vigentes. Confiram abaixo o desabafo da jornalista e escritora Cora Ronai em sua página em uma rede social.
“Qual é a parte de `tombada´que as autoridades que autorizaram isso não entenderam?”, questiona.
“Fiquei indignada quando construíram essa estrutura do guindaste com a mesa pendurada aqui em frente.
Há uma tenda enorme (2 mil metros quadrados, segundo informam) que avança sobre a vegetação, a ciclovia foi desviada e a coisa toda é uma bruta agressão à paisagem — para não falar de um uso privado bastante questionável do espaço público.
Depois fiquei pensando se não estaria sendo intolerante.
Afinal, a estrutura não é permanente e a cidade está quebrada, precisa de eventos e de turistas, blá blá blá whiskas sachê.
Mas eventos e turistas não podem ser desculpa para toda a sorte de abusos.
A Lagoa é tombada.
Qual é a parte de `tombada´que as autoridades que autorizaram isso não entenderam?
Para que meia dúzia de pessoas brinque de comer com adrenalina, o lazer de incontáveis outras pessoas está sendo prejudicado.
Não vou nem entrar no mérito da `experiência´.
Eu estive numa geringonça dessas uma vez, em São Paulo, num lançamento de tecnologia, e não vi a menor graça: comer com cinto de segurança firmemente atado sem ser em avião não faz sentido nenhum na minha cabeça.
Ainda que fosse a trabalho, saí me sentindo vagamente otária por gastar meu tempo dessa maneira; se tivesse gastado também o meu dinheiro, teria ficado deprimida.
E ainda temos seis meses desse trambolho pela frente.”
Cora Ronai
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