METRÔ PARA O RECREIO? CEPACS? PREFEITO NOVO, IDEIAS VELHAS, PROPOSTAS QUESTIONÁVEIS

Metrô, Linha 2. Diagrama: Página Metrô que o Rio Precisa
 
Ontem reunimos as sugestões e pedidos, deste blog urbano-carioca, feitos ao prefeito do Rio de Janeiro, desde a sua eleição no final do ano passado, no post OS 10 PRIMEIROS PEDIDOS AO NOVO PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO – RESUMO.
A notícia, revelada também ontem pelo Blog do Moreno, sobre a intenção da administração atual do município de unir-se ao governo estadual para construir extensão do Metrô da Barra da Tijuca ao Recreio dos Bandeirantes, é surpreendente. Ou, melhor, espantosa! Trecho:

 
“A ideia é aumentar em até um andar e meio o gabarito de construção para esses dois bairros da zona oeste da cidade para que os empresários que investirem nas construções e reformas de prédios na região patrocinem a extensão do metrô”.
 
Mais uma vez, ele, Sempre o Gabarito! Mais uma vez, acompanhado dos alardeados Cepacs! A dupla remete exatamente aos itens 7 e 8 da lista de pedidos que está no post da última sexta-feira.
Impressiona que no quinto dia de governo sejam apresentadas as mesmas soluções que garantem, com absoluta certeza, apenas benefícios para o mercado imobiliário, tal como foi feito, por exemplo, com o Projeto de Estruturação Urbana – PEU Vargens, e as leis para o Campo de Golfe e para a Zona Portuária, em nome das Olimpíadas. O resto são desejos, intenções e conjecturas.
Curiosamente, o autor da proposta é o Ex-Secretário Municipal de Urbanismo da primeira gestão do prefeito Eduardo Paes, engenheiro titular da pasta responsável pelo encaminhamento do projeto de lei complementar que daria origem à LC nº 104/2009, o citado e famigerado PEU Vargens que permitiu, entre outras construções questionáveis, erguer o condomínio Ilha Pura, que NEM É ILHA, NEM É PURA. Hoje a região está mais uma vez em vias de receber novas mudanças, através de uma estranha Operação Urbana Consorciada – uma OUC a caminho!
 
Sendo o Secretário de Transportes conhecido engenheiro especialista no assunto, inclusive com participação profissional durante as primeiras fases de implantação deste modal na cidade, e crítico à escolha do trajeto que expandiu a Linha 1 – rebatizada, pelo governo estadual, de Linha 4 – é de se esperar que a contribuição do município seja eficaz, e que ajude a definir prioridades que beneficiem a população de fato e a cidade como um todo, para além do Metrô “Olímpico”, benefícios que, por si, serão estendidos à Região Metropolitana.
 
Mas, para além da crise e das indagações acima – CEPACS? GABARITOS? Sr. PREFEITO, SEJA DIFERENTE, NOVO, ORIGINAL! e O METRÔ NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO – realmente espanta que:
 
. Mais uma vez, a Zona Norte seja esquecida, sem que se cogite mais a conclusão da Linha 2;
.    Mais uma vez a Linha 4 original – a que o governador transformou em Linha 5 – seja descartada;
.   Mais uma vez o governo apele para o aumento de gabaritos de altura e áreas máximas previstas para as edificações em cada bairro ou região, como se a cidade suportasse infindáveis adensamentos, e os planos urbanísticos pudessem ser alterados constante e irresponsavelmente apenas para gerar arrecadação ou supostas melhorias, benesses para o mercado imobiliário;
.  Mais uma vez o governo acene com supostas parcerias público-privadas e venda de Certificados de Potencial Construtivo – vide a Zona Portuária onde os Cepacs foram ignorados e, em seguida, arrematados integralmente pela Caixa Econômica Federal, cabendo lembrar que, sim, houve investimento de recursos públicos nas obras de urbanização, conforme noticiado pela grande imprensa, na época;
.   Mais uma vez o governo queira mudar índices urbanísticos sem considerar o tecido urbano edificado, causando possíveis prejuízos aos moradores e à harmonia dos conjuntos existentes, como foi proposto pelo incrível ‘Parque das Benesses Urbanísticas’, um engodo para justificar o injustificável Campo de Golfe dito Olímpico.
 
Por fim, causa espécie saber que o Tatuzão será usado para cavar 20km de túneis na Barra da Tijuca – onde a Avenida das Américas recebeu grandes obras de duplicação, reformas e implantação do BRT -, enquanto a extensão da Linha 1 (batizada de Linha 4) foi interrompida, e as obras da Estação Gávea estão paralisadas e a segunda plataforma da Estação Carioca é fantasma.
 
E você, caro leitor, o que pensa a respeito? Quais são as verdadeiras prioridades em termos de mobilidade urbana para a Cidade do Rio de Janeiro?
Urbe CaRioca
 
O engodo.
 

Comentários:

  1. É realmente uma pena que ainda não tenhamos linhas de metrô cruzando a cidade do Rio de Janeiro em todos os sentidos. Eu lamento profundamente que o assunto permeie o campo da opinião política e que seja duramente criticado pois de nada adianta o engodo do BRT se acançarmos a compreensão de que ônibus nunca foi transporte de massa, fato que traz como legado óbvio linhas sucateadas e ônibus transbordando passageiros. É preciso ousadia para cada Governo construir um trecho do metrô até que a cidade esteja totalmente contemplada. Quem sabe o prolongamento da estação da Pavuna rumo a Baixada Fluminense.

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