Outro Autódromo – uma obra inaceitável

Mais um capítulo da incessante tentativa de se viabilizar a construção de um autódromo no bairro de Deodoro; uma ação prenunciada há anos e que dizimará a Floresta do Camboatá, com suas 180 mil árvores de Mata Atlântica, e cujas consequências poderão atingir mortalmente o grau de sustentabilidade ambiental da Cidade.

Nesta semana, o projeto de construção do novo autódromo foi aprovado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), embora um dos conselheiros tenha pedido vistas do processo. O prosseguimento ainda depende das audiências públicas para receber a licença prévia.

Apesar dos impactos apresentados no EIA-Rima, os autores do estudo apontam conclusão positiva sobre a construção do circuito no local. “Conclui-se, com base nos estudos apresentados, que a realização do empreendimento é altamente positiva e se constitui numa oportunidade única de desenvolvimento local e regional, trazendo significativo progresso social, econômico e ambiental ao local.”

Sob outra ótica devemos recordar que o Rio recebeu diversas obras realizadas em nome dos eventos recentes – Copa do Mundo e Olimpíadas – muitas, senão todas, superfaturadas e objeto de escândalos políticos fartamente divulgados pela imprensa, e de processos no Poder Judiciário. Várias estão abandonadas, sem utilização ou, são sub-utilizadas, verdadeiros sorvedouros de verbas públicas.

Definitivamente a cidade não precisa de mais um ‘elefante branco’. Construir um novo autódromo apenas comprovaria o erro administrativo em que consistiu a demolição do autódromo existente, o descaso com o município abandonado e carente de tudo, e a megalomania dos gestores governamentais..

A notícia citada acima foi divulgada pelo Estadão.

(Atualização em 2 de março de 2020: Foi marcada a Audiência Pública do Autódromo para o dia 18 de março de 2020, às 19h no Centro de Formação e Aperfeiçoamento do Corpo de Bombeiros, situado na Avenida Brasil nº 23.800 em Guadalupe.)

Urbe CaRioca

Comissão aprova audiência e autódromo do Rio avança em busca de licença ambiental

Projeto anda no Instituto Estadual do Ambiente e agora depende das audiências públicas para receber a licença prévia

Ciro Campos e Felipe Rosa Mendes
Estadão – 27 de fevereiro de 2020

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Comissão aprova processo ambiental do autódromo do Rio e marca audiência Foto: Divulgação/Consórcio Rio Motorsport

O projeto de construção do novo autódromo do Rio de Janeiro, cotado para receber o GP do Brasil de Fórmula 1 a partir de 2021, deu um passo importante nesta quinta-feira em busca da licença ambiental. O projeto avançou no Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e agora só depende das audiências públicas para receber a licença prévia.

“Os conselheiros que integram a Comissão Estadual de Controle Ambiental (Ceca), vinculada à Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, aprovaram, por unanimidade, a realização de audiência pública para apresentação e discussão do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do autódromo de Deodoro, conforme preconiza a Resolução Conema nº 35/2011”, informou o Inea, em nota enviada ao Estadão.

A aprovação aconteceu durante reunião deliberativa nesta quinta, na sede do Inea. O Relatório de Impacto Ambiental (Rima) do projeto de construção do Autódromo de Deodoro já havia sido discutido em outra reunião, no dia 18 deste mês. Mas um dos conselheiros pediu vistas para analisar melhor o relatório, liberado para audiência nesta quinta.

Ainda não há definição sobre a data da futura audiência pública e se haverá mais de uma para discutir as questões ambientais relacionadas à construção do autódromo na chamada Floresta do Camboatá, localizada no bairro de Deodoro.

O EIA-Rima foi entregue ao Inea, órgão estadual que avalia projetos com possíveis impactos ambientais no Rio, no dia 10 de novembro. Na época, a entidade informou que a análise do estudo poderia levar até 12 meses. Só após a eventual aprovação é que o consórcio Rio Motorsports poderá iniciar as obras.

Para ter condições de receber o GP do Brasil em 2021, o novo circuito carioca teria de ficar pronto no primeiro semestre de 2021. O Rio Motorsports disputa com São Paulo o direito de sediar a etapa da Fórmula 1 em solo nacional. A prefeitura paulistana tem contrato com a categoria somente até este ano. E também negocia a renovação do vínculo.

Conforme publicou o Estadão em dezembro, o projeto de construção do autódromo no Rio vai causar 31 impactos ambientais na Floresta do Camboatá. O local conta com Áreas de Preservação Permanente (APP) e espécies da fauna e flora em risco de extinção, de acordo com o EIA-Rima. Os dois documentos, avaliados recentemente pelo Inea e aprovados nesta quinta pelos conselheiros, foram elaborados pela empresa de consultoria ambiental Terra Nova, contratada pela Rio Motorsports, vencedora da licitação para erguer o circuito.

Apesar dos impactos apresentados no EIA-Rima, os autores do estudo apontam conclusão positiva sobre a construção do circuito no local. “Conclui-se, com base nos estudos apresentados, que a realização do empreendimento é altamente positiva e se constitui numa oportunidade única de desenvolvimento local e regional, trazendo significativo progresso social, econômico e ambiental ao local.”

Na pesquisa feita in loco pela consultoria, entre agosto e novembro de 2019, foram identificados 20 impactos ambientais associados à fase de construção e 11 à de utilização. Alcançam fauna, flora e até aspectos sociais, como aumento da poluição sonora nos arredores do autódromo.

O projeto já foi alvo de críticas por parte da ONG “SOS Floresta do Camboatá” e do Ministério Público Federal. “A Floresta de Camboatá é o único ponto remanescente de grande porte de Mata Atlântica em área plana na cidade. São aproximadamente 200 hectares, dos quais 114 cobertos por áreas naturais e regeneradas, representativa das Florestas Ombrófilas de Terras Baixas. Este tipo de vegetação é uma das mais ameaçadas dentre as formações florestais que compõem a Mata Atlântica. (…) A Floresta do Camboatá abriga o último remanescente carioca deste tipo de vegetação”, apontou o MPF na Ação Civil Pública que moveu contra o projeto, em maio do ano passado.

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