PRÉDIO DO FLAMENGO, HOTEL GLÓRIA, MARINA DA GLÓRIA, E O TRIÂNGULO REEDITADO

Avenida Rui Barbosa 170: Flamengo e o privilégio urbanístico

As leis urbanísticas vigentes na Cidade do Rio de Janeiro vedam o uso de hotel nas zonas classificadas como Zona Residencial 2, ZR-2. É o caso da Avenida Rui Barbosa.

Devido ao desejo de permitir a transformação de uso do prédio pertencente ao Clube Flamengo, situado no número 170 daquela avenida, quando da edição do primeiro grupo de leis conhecidas como “Pacote Olímpico”, em 2010, uma vereadora – e presidente do clube na época – fez emenda ao projeto de lei complementar que se tornaria a LC nº 108/2010, permitindo a atividade de hotel em todo o bairro do Flamengo.

O objetivo era abranger o prédio em questão e tornar viável a venda/arrendamento do imóvel para o grupo empresarial que pretendia construir o que chamamos de “Triângulo da EBX”, objeto de vários posts neste blog, formado por um novo hotel nesse prédio, o Hotel Glória, e a Marina da Glória. Exemplos:

12/07/2013 – CAMPO DE GOLFE E HOTÉIS: ENCONTRADOS ALGUNS DOS “PROCURADOS”

08/04/2015 – NO FLAMENGO e DO FLAMENGO – MORADIA, HOTEL, ABANDONO e INVASÃO – AI QUE EDIFÍCIO COMPLICADO!

27/05/2015 – O PRÉDIO DO FLAMENGO, OUTRA VEZ

19/01/2016 – O HOTEL GLÓRIA, OS ÁRABES, E O TRIÂNGULO DO Sr. X

04/05/2017 – MARINA DA GLÓRIA – CENTRO DE CONVENÇÕES ASSOMBRA PARQUE DO FLAMENGO. DE NOVO.

Comentários de moradores da região variavam entre a preocupação com possíveis transtornos a serem causados pelo exercício da atividade, e a melhoria das condições de segurança local.

Independente da pretendida transformação para hotel na Avenida Rui Barbosa, em si, e do bondoso perdão de dívida de IPTU concedido ao proprietário – o Clube Flamengo – causavam estranheza as outras duas pontas do “triângulo”: o citado Hotel Glória e a Marina da Glória, também então sob a responsabilidade das empresas do grupo de Eike Batista: o hotel cartão-postal do Rio estava passando por obras de reforma (na verdade uma reconstrução, pois fora total e inexplicavelmente demolido por dentro); a Marina receberia uma nova construção, empreendimento comercial gigantesco que, entre outras atividades, abrigaria um Centro de Convenções em pleno Parque do Flamengo, ‘O Projeto Impossível’.

O projeto do hotel não foi adiante, a licença de obras caducou, o prédio abandonado foi invadido, os invasores foram retirados, o projeto para a Marina da Glória foi modificado, reduzido e construído – sem o Centro de Convenções – e o Hotel Glória que fora destruído, está com as obras paralisadas até hoje. Tudo permeado pelo ocaso das empresas “X”.

Agora, tudo indica que o antigo triângulo pode ser reeditado. Segundo notícia do último sábado, a Câmara de Vereadores aprovou proposta do Executivo, de 2016, permitindo a transformação de uso do prédio para hotel. É projeto singelo, com apenas um artigo, apenas para um imóvel, tema para a análise por juristas. Irá à sanção do Prefeito.

PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 160/2016 (Mensagem nº 151/2016)

EMENTA: PERMITE A TRANSFORMAÇÃO DE USO DA EDIFICAÇÃO SITUADA À AVENIDA RUI BARBOSA, Nº 170, NO FLAMENGO.

Autor(es): PODER EXECUTIVO

A CÂMARA MUNICIPAL DO RIO DE JANEIRO

DECRETA:

Art. 1º Fica permitida a transformação de uso da edificação localizada à Avenida Rui Barbosa, nº 170, Flamengo – IV R.A. para o uso residencial e hoteleiro.

Art. 2° Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Em outra ponta, o grupo atualmente responsável pela Marina da Glória, no Parque do Flamengo, afirma que fará o famigerado Centro de Convenções estranho à finalidade da área, mesmo com a recente inauguração de local para eventos/centro de convenções para cerca de 700 pessoas, no hotel que fica no Aeroporto Santos Dumont.

Quanto ao Glória, o terceiro vértice do finado triângulo da EBX, o hotel que foi um ícone da cidade continua abandonado (v. Estadão,18/03/2017).

O assunto parece inesgotável.

Urbe CaRioca

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