PRINCIPAIS BENS HISTÓRICOS ABANDONADOS OU FECHADOS NO RIO DE JANEIRO, de Cláudio Prado de Mello

O arqueólogo e incansável defensor do patrimônio cultural elaborou trabalho detalhado, cujo título acima é autoexplicativo. Esperamos que o esforço seja recompensado com as providências do poder público em prol do resgate e manutenção de conjunto com tamanha importância para a memória urbana e histórica do Rio de Janeiro – Cidade e Estado.

Urbe CaRioca 

PRINCIPAIS BENS HISTÓRICOS ABANDONADOS OU FECHADOS NO RIO DE JANEIRO

O Patrimônio Edificado é o símbolo de uma Sociedade.  Em um mundo globalizado no qual a arquitetura, os comportamentos, as vestimentas, os gestos, e tudo mais caminham para uma massificação e planificação… O único traço que consegue manter a IDENTIDADE e os traços de uma dada cultura ou sociedade são as formas de seu Passado, que podem ser vistas nos museus públicos, nas coleções particulares, nos guardados familiares e nas edificações que conseguem manter-se apesar do tempo. Assim, preservar as características culturais de um povo deixou de ser uma preocupação e tornou-se luta de muitos Ativistas do Patrimônio em todo o Mundo.

Como resultado de um levantamento realizado em outubro/2017 apresentamos 55 bens patrimoniais que estão em condições de comprometimento, ou fechados, ou abandonados, que merecem um olhar cuidadoso do poder público e dos órgãos de gestão do Patrimônio.

Esta lista foi elaborada em Outubro de 2107 para atender a demanda da reunião do Conselho Municipal de Cultura que se realizaria no dia 25 daquele mês, tendo os seguintes objetivos:

1) discutir a situação do Patrimônio Material e em especial os bens edificados e monumentos,

2) discutir a ausência de uma legislação ou de prática que defina o uso dos espaços públicos da Urbe, considerado a alta sensibilidade de alguns segmentos da cidade que tenham a concentração de monumentos tombados e, portanto, mereçam maior atenção no que tange à realização de festas, “raves” e eventos de grande público,

3) discutir a situação de abandono de praças, jardins e do mobiliário urbano, não se considerando que a cidade precisa ter uma aparência atraente para trazer e manter turistas, gerando recursos.

Este não é um estudo completo e abrange os casos mais conhecidos. Segue a lista de bens que carecem de atenção urgente dos órgãos responsáveis pelo Patrimônio Cultural a nível Municipal, Estadual, Federal e incluindo os Privados, considerando o que é Tombado ou não tombado, mas que por ser histórico merece a nossa atenção.

Claudio Prado de Mello (Professor Ms)

Arqueólogo e Historiador

LISTAGEM DOS PRINCIPAIS BENS HISTÓRICOS ABANDONADOS OU FECHADOS NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

1) Edifício da antiga Escola de Eletrotécnica do Rio de Janeiro (Faculdade de Comunicação da UFRJ), no Campo de Santana, na esquina de rua Visconde do Rio Branco. Prédio de gosto eclético literalmente desabando. BEM DA UNIÃO

2) Convento do Carmo na Praça XV esta desde  2013 abandonado. Foi desocupado por ordem de Adriana Rattes e Governo Sérgio Cabral com o argumento de que seria instalada a sede do INEPAC no prédio. Está abandonado, paredes pichadas e sem uso. BEM DO ESTADO

3) Fazenda Capão do Bispo, em Del Castilho: desocupada em 2012-3 por ordem de Adriana Rattes e Sergio Cabral. Está com cupins, vazamento interno de água da CEDAE, desocupada, telhas coloniais que cederam, e está altamente comprometida em estado terminal. Em 18/10/2017 o prédio quase pegou fogo em consequência de um incêndio no matagal. BEM DO ESTADO

4) Palacete São Cornélio: abandonado e altamente deteriorado, com roubos de telhas, calhas e obras de arte. Propriedade da Santa Casa da Misericórdia. BEM PRIVADO

5) Museu do Primeiro Reinado – Casa da Marquesa de Santos , em São Cristóvão. Museu fechado. De tempos em tempos falam da implantação do Museu da Moda. BEM DO ESTADO

6) Prédio do ex-Museu do Índio, no Maracanã esta fechado e em ruínas. Foi construído no século XIX. BEM DO ESTADO

7) Museu do Gás, na Avenida Presidente Vargas.  Com a venda da CEG, o Museu do Gás foi desativado e com o tempo o acervo foi descartado. Colecionadores acabaram comprando parte do acervo da mão de catadores de lixo. BEM PRIVADO

8) Prédio do Automóvel Clube do Brasil, no Passeio Público. Apesar de ter sido feita uma pintura da fachada o interior do prédio esta acabado, inclusive roubaram todo o madeiramento que sustentava os assoalhos de madeira. BEM DO MUNICÍPIO

9) Monumento ao General Osório na Praça XV. Monumento do final do século XIX, o gradil era feito com o bronze derretido dos canhões da Guerra do Paraguai e foram roubados um após o outro. As decorações em bronze do monumento a cada dia são mais depredadas e as pedras vandalizadas. BEM DO MUNICÍPIO

10) Fazenda do Viegas  em Senador Camará. Tombada pelo Patrimônio Histórico desde 1938, a propriedade, na antiga Estrada Rio São Paulo, foi transformada em Parque Municipal em 1996. Hoje se encontra completamente depredada e abandonada. BEM DO MUNICÍPIO

11) Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, na Rua da Alfandega. Prédio suntuoso, mas com inúmeros problemas de conservação. Mantido pela Irmandade que confessa não ter recursos para a manutenção. BEM PRIVADO

12) Casa de Banho de D. João, atual Museu da Comlurb, no bairro do Caju.Museu fechado e casa abandonada e ocupada por viciados.  BEM DO MUNICÍPIO

13) Chafariz da rua Riachuelo, Totalmente pichado. BEM DO MUNICÍPIO

14) Chafariz do Lagarto, do mestre Valentim, na rua Frei Caneca perto do Sambódromo. Depredado.  BEM DO MUNICIPIO. INVADIDO

15) Estátua de José Bonifacio no Largo de São Francisco, em pleno processo de vandalismo e a cada dia os viciados arrancam mais um pedaço. BEM DO MUNICÍPIO

16) Fonte na parte posterior da Igreja São Francisco de Paula, no Largo de São Francisco. BEM PRIVADO

17) Restos do Aqueduto da Lagoinha, na Estrada Joaquim Mamede e arco na Rua Santa Alexandrina, no Rio Comprido – o arco fica dentro de um terreno que tem algumas  torres da Light.

18) Portão Monumental de entrada do Parque Guinle, em Laranjeiras. Portão de alto valor artístico sendo deteriorado pela ferrugem e falta de cuidados. BEM DO MUNICIPIO

19) Ruínas do Hotel Glória, O hotel se encontra abandonado e na sua parte interna a água represada virou criadouro de mosquitos. BEM PRIVADO

20) Largo do Boticário, conjunto arquitetônico montado com remanescentes de construções do Rio Histórico e que hoje se encontra abandonado. BEM PRIVADO

21)  Reservatório da Quinta da Boa Vista, do Período Imperial (1867), próximo a Quinta da Boa Vista. Hoje de propriedade da CEDAE e tombado pelo INEPAC. BEM DO ESTADO

22) Igreja Nossa Senhora do Bonfim no Caju. A Igreja de propriedade de uma Irmandade esta no mesmo caso da Santa casa da Misericórdia, com uma gestão corrupta e a igreja esta em processo de arruinamento. Como pertence a uma Irmandade a Cúria não toma conhecimento. BEM PRIVADO

23) Conjunto histórico do hospital da Beneficência Portuguesa, na Glória. Fechado e em péssimo estado de conservação. Consta que a rede d’Or o adquiriu e iniciara as obras em breve.  BEM PRIVADO

24) Solar dos Abacaxis, no Cosme Velho. Rico prédio em estado de abandono e vandalizado. BEM PRIVADO

25) Edifício do Período Eduardiano da Estação Férrea Barão de Mauá, chamado de Leopoldina, em São Cristóvão. Estado de abandono. BEM PRIVADO

26) Edifício da Igreja Positivista na Glória. Abandonado. BEM PRIVADO

27) Estação Férrea de uso da família Imperial em São Cristóvão. Prédio íntegro, mas abandonado.  BEM PRIVADO

28) Museu da Cidade, na Floresta da Tijuca esta fechado há 10 anos. Teve seu acervo mais precioso furtado e fechou para reformas e permanece fechado. O bem pertence ao Estado, mas está cedido ao Município. BEM DO ESTADO

29)  Mausoléu do Barão de São Gonçalo no Cemitério do Carmo. Literalmente desabando e apenas de pé porque está amarrado por dois arames.

30) Patrimônio Funerário do Cemitério do Catumbi. Apesar de no geral o cemitério estar bem conservado, alguns monumentos desabaram e não conseguimos ver solução. Inclusive sendo um perigo para as pessoas.

31) Patrimônio Funerário do Cemitério do Carmo, no Caju . A parte mais rica, antiga e valiosa do Cemitério do Carmo se encontra seriamente danificada, tendo um aspecto desolador.

32) Casario do Corredor Cultural (Rua do Teatro, Rua Sete de Setembro, Rua da Carioca e Saara)

33) Chafariz das Saracuras, em Ipanema, do Mestre Valentim em 1795 Outrora no convento da Ajuda, esta completamente abandonado. Todos os elementos de metal foram roubados,

34) Museu da Farmácia da Santa Casa de Misericórdia, Centro,

35) Antiga sede da Fazenda Engenho D’ Água, em Jacarepaguá. Casa de engenho de açúcar do século XVIII, constituída de construção térrea, com sobrado parcial formando mirante. Possui avarandados na fachada frontal e na dos fundos, a capela doméstica fica à esquerda da casa já descaracterizada no seu interior, conservando apenas as esquadrias originais. Muitos do tijolões da varanda principal apresentam a marca antiga “Engenho d’Água”, e nos espelhos dos degraus de acesso a este avarandado, existem azulejos com representação de um castelo.

36) Fortaleza da Laje, Baía de Guanabara.

37) Museu Carmen Miranda esta fechado. BEM DO ESTADO

38) Patrimônio Funerário do Cemitério de São Joao Batista e em especial a Pirâmide do Marques do Paraná. BEM PRIVADO

39) Museu de Arte Naif, no Cosme Velho. Fechado em Julho de 2017 e prédio colocado a venda. Não se sabe sobre o Acervo. BEM PRIVADO

40)  Paço Imperial da Praça XV. Em agosto de 2017 foi autorizada uma festa de 5000 pessoas na Praça XV e o resultado foi um violento vandalismo na praça e nos monumentos. O prédio do Paço foi pichado sistematicamente.

41) Igreja de São Pedro, no Encantado. O imóvel, de 1934, cai aos poucos. Espremido entre a falta de dinheiro da paróquia e a burocracia gerada pelo tombamento. Uma árvore, quase tão alta quanto a única parede ainda de pé, cresce por dentro da Igreja

42)  Patrimônio histórico da Colônia Juliano Moreira. A colônia tem sete milhões de metros quadrados, o tamanho de Copacabana, e se notabilizou por abrigar o Hospital Psiquiátrico, gerido pela União. Em 2000, já com as reformas psiquiátricas em vigor e as mudanças no tratamento de doentes mentais, foi municipalizada. Os prédios do núcleo histórico, como o edifício-sede da antiga Fazenda Engenho Novo, que posteriormente funcionou como pavilhão de internação, os casarões vizinhos e a Igreja da Nossa Senhora dos Remédios, do século XIX, foram tombados em 1990, pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). Já o antigo aqueduto, do século XVIII, é tombado desde 1938. Recentemente, embora iniciativas tenham sido elaboradas para revitalizar o conjunto, nada foi feito.

LISTAGEM DOS PRINCIPAIS BENS HISTÓRICOS ABANDONADOS OU FECHADOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

1) SÃO GONÇALO – Fazenda Colubandê está abandonada desde 2012 por ordem de Sergio Cabral. Já sofreu vários atentados. Em outubro/2017 voltou a ficar abandonada sem qualquer tipo de vigilância. Em 21 de Janeiro roubaram o retábulo de madeira dourada de 1750, levado para São Paulo pelo ladrão. Bem de 122.000 m2, foi desapropriado dos herdeiros do Barão de São Gonçalo nos anos 1960, mas a desapropriação não foi paga. BEM DO ESTADO

2) VASSOURAS – Centro Histórico de Vassouras, vários prédios como Solar do Barão de Vassouras.

3) SÃO GONÇALO _ Fazenda do Engenho Novo , em São Gonçalo . Foi incendiada nos anos 1980 e atualmente uma parte esta sendo reconstruída. BEM PARTICULAR

4) NOVA IGUAÇU – Fazenda São Bernardino em Nova Iguaçu. Em 2016, uma equipe da CEDAE precisando de material de entulho para cobrir uma área alagada, destruiu toda a lateral da Fazenda que estava de pé.

5) DUQUE DE CAXIAS – Igreja Nossa Senhora do Pilar, em Duque de Caxias. Marco da arquitetura colonial religiosa, fechado e abandonado por mais de 10 anos. RJ

6) NITERÓI  – Estação Ferroviária Sant´Anna de Maruí, Niterói

7)  NOVA IGUAÇU – Torre da Igreja Matriz de N Sra. da Piedade de Iguassu Velha em processo de desabamento

8) NOVA IGUAÇU – Complexo arqueológico da antiga vila de Iguassu, em Nova Iguaçu. Local do Porto Antigo, que esta desmoronando uma das faces e puxando todo o conjunto. O cemitério dos Nobres esta na mesma condição.

9) DUQUE DE CAXIAS – Complexo arquitetônico da Fazenda de São Bento, hoje Museu vivo de São bento, Duque de Caxias . Literalmente desabando há mais de 13 anos abandonado

10) DUQUE DE CAXIAS – Sambaqui de São Bento. Junto ao Museu Vivo de São Bento temos o Sambaqui de São Bento, que está literalmente desabando. Em 2014 o IPHARJ ajudou na montagem da exposição e nos ajustes do Museu Sítio, mas não existem recursos para a conservação.

11) QUISSAMA – Palacete da Mandiquera, em Quissamã. Suntuoso prédio de 1875, residência dos Condes de Araruama. Em 2008 desabou uma lateral. A Prefeitura mandou instalar uma cobertura metálica para protegê-lo das intempéries. Começou a levantar recursos para a compra do imóvel. O proprietário pedia R$600 mil, mas resolveu aumentar o valor e impediu a venda. Desde então o casarão está ruindo. As escoras de madeira nas paredes colocadas em 2008 foram removidas em fev./2017 e ele foi depredado violentamente. BEM PRIVADO proprietário: Helcio Carneiro

12) QUISSAMA – Fazenda Machadinha em Quissama. Uma parede posterior desabou em maio/2017. BEM MUNICIPAL

13) MAGÉ – Guia de Pacobaíba é a primeira estrada de ferro da América do Sul, Inaugurada no dia 30 de Abril de 1854. Esta estrada, que se denominou Mauá e depois Estrada de Ferro Príncipe Grão – Pará ligava Guia de Pacobaíba a Fragoso e tinha 14.500 metros de extensão. A primeira máquina chamada “Baronesa” encontra-se ainda hoje no Museu Histórico Ferroviário no Engenho de Dentro no Rio de Janeiro. É conservada como relíquia histórica. À primeira estação ferroviária foi dado o nome de “Mauá”, que em língua indígena, significa “cousa elevada”. BEM DA UNIÃO

Claudio Prado de Mello ( Prof Ms) -Arqueólogo e Historiador

Conselheiro do Conselho Estadual de Tombamento SEC RJ e Conselheiro Municipal de Cultura do Rio de Janeiro

Instituto de Pesquisa Histórica e Arqueológica do RJ – Museu da Humanidade – IPHARJ – Terra Brasilis Arqueologia

(21) 98837 6289 Oi – 9188 4880 – Claro Sede: 21 3358 0809, 3012 4909

  1. PRINCIPAIS BENS HISTÓRICOS ABANDONADOS OU FECHADOS NO RIO DE JANEIRO, de Cláudio Prado de Mello. *

    * ESTE TRABALHO FOI ELABORADO A PARTIR DO LEVANTAMENTO REALIZADO TAMBÉM, PELO GRUPO DO FACEBOOK: S.O.S. PATRIMÔNIO.

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