CrôniCaRioca
À Maria Estela, a todas as crianças que nasceram no Rio de Janeiro neste ano de 2020 tão diferente, e a todos os cariocas pequenos que nos engrandecerão um dia.
Quando eu era criança, pandemia não havia. A bem dizer, assim se cria. Quando muito, endemia. Tempos antes, a influenza levou muitos, Deus os benza. Espanhola, o apelido, devagar, sem alarido, o meu Rio invadia, todo o Mundo já sofria.
Quando eu era criança, tive sorte – ousadia – uma França carioca, avenidas, Cinelândia, Paris com praias, montanhas. Na Praça, topiaria, que o olhar admirado, bichos verdes buscaria. Elefantes, passarinhos de folhinhas, que alegria, o Rio de Passos e Agache. Procurando, bastam passos, há quem ache.
Um Aterro então surgiu, e o mar se afastou. Pedras pretas, d’outro aterro, outro morro as cobriu, e a água me tirou. As muretas de granito o projeto preservou. Terra, lama, só mosquito se criou. O zumbido no ouvido, que tortura, o dia inteiro! Logo o pai, habilidoso, fabricou um mosquiteiro.
Do Aterro fez-se um parque, um jardim, sabedoria! No Flamengo, novidade, com a Lotta, loteria. Nova praia, muita areia, às crianças, a Cidade, e a Cidade das Crianças com barquinhos, avião. Tinha até campeonato, de peteca, é verdade. Na barraca, uma soneca. Tinha o moço do “pastel que pra ser gostoso é feito de madrugada, é feito da carne assada, bem moída e temperada”. À tarde, Cinema Azteca.
Quando eu era criança, o meu Rio era bonança, o futuro promissor, a cidade, esplendor. A coroa retirada, ao Planalto enviada – sob aplausos – decisão equivocada? Guanabara, esperança, manteria tal fulgor? Adiante, outra queda, de Estado a Município, que importa o nome – já dizia o Bardo – se mantido o bom princípio?
Hoje é Dia das Crianças, o meu Rio é cheio delas.
Gentes grandes – mandam elas! – façam certo o que é direito! Pelos filhos, os pequenos, quero um Rio iluminado. Combater a anomia, afastar a pandemia! Bastará fazer bem feito, volta o mundo encantado. Céu azul, cinza, ou rosado, ao olhar menino ou grande, será sempre estrelado.
Andréa Albuquerque G. Redondo
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