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Belém Foto: Pedro Kirilos O Globo 20/04/2013 |
As transformações físicas significativas no perfil urbano daquelas cidades, na forma de torres gigantescas criadas e vendidas com apelo à modernidade e ao conforto, contrastam com a falta de infraestrutura geral para todos – inclusive os moradores dos prédios novos -, um infeliz lugar comum.
Foram exemplos Belém, Aracaju, Fortaleza, São Luís… Segundo a matéria jornalística de abril/2013 em Belém grandes torres convivem com coleta precária de lixo e ruas sem esgoto, calçadas ou placas de identificação.
Através de Sonia Rabello em artigo de 2010 conhecemos problemas ocorridos no Panamá com a densificaçao da capital exacerbada pela implantação de muitas torres com 50 andares.
De João Pessoa/Filipeia, o carioca Ailton – que mudou-se para lá, lançou seu olhar sobre a bela cidade, e já veio matar saudade e passear na urbe carioca -, nos contou que na capital da Paraíba as leis urbanísticas protegem ao menos a lindíssima orla marítima dos espigões. Esses só podem ser plantados a dezenas de metros de distância das águas. Na beirada, altura máxima das construções é de 12,50m.
Recife parece um paliteiro. Várias outras cidades do nordeste, também.
Nesta semana pré-carnavalesca aconteceu em Recife um desfile de foliões animadíssimos que merecem muitos aplausos! O nome do grupo é Troça Carnavalesca Mista Público-Privada Empatando Tua Vista, conforme explicam os autores, “um ato político-folião crítico à verticalização excessiva, que negligencia o planejamento, a história do lugar, privatiza o descortinar da paisagem e a vista das frentes d’águas e dos monumentos”.
Sensacional!
Além de ser o nome uma graça, com base na ideia de Claudio Tavares de Mello o grupo confeccionou uma alegoria especialíssima: ao longo das ruas desfila um conjunto de “prédios altos” de pano que ‘empatam a vista’ de todo mundo, até de quem está no meio da brincadeira do Troça Carnavalesca, também chamado carinhosamente de TÁ EDIFÍCIO.
Os “edifícios” acompanham vários os blocos e mostram sua bandeira: “lutar por um Recife para as pessoas, com mais vida nas ruas, com mais espaço para todo mundo e que todos tenham direito à vista”, nas palavras de Edinea Alcântara. Têm feito o maior sucesso! Brincam de obstruir a vista de prédios históricos e bloquear a paisagem. A todo o momento se ouve “Deixa eu passar, seu predinho!”.
Esse foi o modo criativo e irreverente que recifenses preocupados com o futuro da cidade encontraram para criticar “o modelo de arquitetura que altera completamente a paisagem e empata a vista dos nossos monumentos, das nossas praias, das nossas águas”, diz ainda Edinéa.