O comentário abaixo foi publicado pelo arquiteto Pedro Jorgensen em sua página no Facebook, denominada “Organização espacial e história urbana – estudos, publicações, ideias”. As observações referem-se à reportagem publicada no Diário do Rio, intitulada “Região Portuária seguirá trajetória de valorização da Barra, acredita vice-presidente do Secovi Rio”.
Segundo afirmação de Leonardo Schneider, vice‑presidente do Secovi Rio, na referida reportagem, a transformação da Zona Portuária do Rio em um novo polo imobiliário já está em andamento. Schneider compara esse processo ao que ocorreu na Barra da Tijuca: antes subvalorizada, transformou-se ao longo dos anos por meio de infraestrutura e projetos urbanísticos.
A seguir, a opinião de Pedro Jorgensen:
“Organização espacial e história urbana – estudos, publicações, ideias”
Por Pedro Jorgensen
O título dessa matéria (abaixo) deixa claro o ponto de vista desde o qual ela foi escrita – o dos investidores imobiliários, para os quais a economia funciona, digamos, em sentido o contrário ao do senso comum da competição capitalista: quanto menor a unidade residencial e maior o preço da fração ideal, portanto o aluguel por m2 privativo, melhor.
Sem falar que, por falta de um plano urbanístico digno desse nome, as famílias que estão usando os novos apartamentos do Porto Maravilha como residência têm se queixado da absoluta falta de ‘cidade’: escolas, farmácias, mercados etc. Eu acrescentaria que a própria solução de transporte público é inadequada devido aos parcos descontos da integração tarifária VLT-Metrô-ônibus.
E sem falar também que a arquitetura urbana resultante dessa onda de novos empreendimentos, a maior parte dela impulsionada pela expectativa de aluguel rotativo – leia-se AirBnb – é, como se vê na foto, um desastre.
Urbe CaRioca
Região Portuária seguirá trajetória de valorização da Barra, acredita vice-presidente do Secovi Rio
Mais de 17 empreendimentos residenciais foram lançados na região, totalizando mais de 9 mil unidades. A estimativa é de aumento de 90% na população local
Por Victor Serra – Diário do Rio

A transformação da Zona Portuária do Rio em novo polo imobiliário da cidade não é mais uma aposta, já é um processo em curso. Quem afirma é Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, em um artigo publicado pelo portal Metro Quadrado. Segundo ele, “quem viveu o salto patrimonial dos terrenos da Barra da Tijuca pode se preparar para o que vai acontecer com a região do Porto”. O Secovi Rio, sindicato patronal que, desde 1942, representa legalmente condomínios, administradoras, imobiliárias e incorporadoras do município, acompanha de perto as transformações da região, que já foi apontada pela prefeitura como a área com o maior potencial construtivo da cidade — ultrapassando, inclusive, o da Barra.
No texto, Schneider traça um paralelo entre os dois territórios, separados por décadas e por perfis urbanos completamente distintos, mas com trajetórias que começam a convergir. A Barra, lembra ele, era até meados do século XX “um vasto brejo, de difícil acesso e pouca ocupação urbana”. Tudo começou a mudar com o plano urbanístico de Lúcio Costa, que idealizou a região como uma espécie de “Miami brasileira”, com largas avenidas, condomínios horizontais e uma integração entre natureza e urbanização.
Com marcos como o Barra Shopping, a construção de vias como a Autoestrada Lagoa-Barra e a Linha Amarela, a região viu uma explosão populacional — de 24 mil habitantes em 1980 para mais de 394 mil em 2020. “Esse movimento gerou enorme valorização patrimonial para aqueles que acreditaram no potencial da região décadas atrás”, destaca.
A leitura de Schneider é que a Zona Portuária vive hoje um momento semelhante, ancorado em grandes projetos de infraestrutura e políticas públicas voltadas à reocupação do Centro. Ele cita o Porto Maravilha — com obras como os túneis da Via Expressa, o Museu do Amanhã e o Boulevard Olímpico — como vetor inicial desse novo ciclo. E reforça: “Hoje, o Rio de Janeiro vive um novo ciclo transformador, desta vez voltado à região central da cidade — mais especificamente à zona portuária e ao Centro Histórico”.
Desde 2021, mais de 17 empreendimentos residenciais foram lançados na região, totalizando cerca de 9.100 unidades. A estimativa é de aumento de 90% na população local, com mais de 27 mil novos moradores. Em 2023, o Porto Maravilha respondeu por 42% dos lançamentos verticais da cidade, superando até mesmo a Barra.
Outro motor dessa virada, segundo Schneider, é a chegada do polo tecnológico Porto Maravalley, que abriga o IMPA Tech e tem atraído jovens talentos, startups e investidores. “A região está se posicionando como um novo polo de inovação, ciência e moradia”, afirma.
O projeto Reviver Centro, criado pela Lei Complementar nº 229/2021, também tem acelerado a ocupação residencial no coração da cidade. Com incentivos fiscais como isenção de IPTU, ITBI e ISS, além de programas de locação social e moradia assistida, a iniciativa já atraiu 47 projetos residenciais e mais de 2.800 unidades aprovadas ou licenciadas. “Mais da metade dessas unidades foram adquiridas por famílias com renda de até 10 salários mínimos, e 35% por investidores — um indicativo claro do interesse do mercado em apostar no renascimento do Centro”, analisa.
Para Schneider, esse novo ciclo de valorização urbana é mais do que uma tendência. É uma lógica natural do desenvolvimento das grandes cidades. “O tempo, por sua vez, é o grande aliado do investidor paciente. As cidades crescem, a população aumenta, e a demanda por moradia e infraestrutura não recua. O solo urbano é finito — e por isso, cada metro quadrado bem escolhido é uma oportunidade de gerar valor.”
E repararam que não há previsão de instalações para split, ? vai ser outra quebradeira depois e uma fachada “enfeitada de tubos e caixas e tendo que fazer dutos de dentro para fora.. quero ver se o arquiteto/empreiteiro assina seu nome embaixo