Diante dos acontecimentos recentes que levaram brasileiros às ruas com variadas reivindicações*, ontem o post SEMANA 17/06/2013 a 21/06/2013 incluiu a NOTA abaixo, imprescindível à vista das muitas reclamações sobre o funcionamento e a infraestrutura das cidades, para além da questão do transporte público precário. O texto contém links para análises anteriores deste blog sobre os temas mencionados.
- “Em que as questões do uso do solo relacionam-se com as reivindicações da população e tantos problemas que existem no Rio de Janeiro e no Brasil? Em muitos aspectos: prioridades equivocadas, leis urbanísticas perniciosas, anúncios de parques que disfarçam incentivos ao mercado imobiliário, Metrô onde menos se precisa no momento, BRT em vez de transporte sobre trilhos, estação recém-inaugurada já fechada para ser duplicada criando-se baldeação na mesma linha – a falsa Linha 4 … Estímulos para construção na Barra da Tijuca, Recreio e Vargens enquanto outras zonas são abandonadas… Guaratiba vem aí… Trens ruins, engarrafamentos diários… Infelizmente, exemplos não faltam”.
No artigo aqui divulgado – A Lógica da Especulação Imobiliária -, o professor e arquiteto Luiz Fernando Janot mencionou, a respeito do BRT, que “… alguns dos trajetos poderiam ter sido mais bem planejados. Por exemplo, o trecho da Trans Oeste que liga Guaratiba a Santa Cruz, além de não ser prioritário, expõe aquela região – caracterizada por sua fragilidade ambiental – à saga dos especuladores imobiliários. A ligação entre Santa Cruz e a Barra da Tijuca poderia ter sido feita através da conexão das linhas Trans Carioca e Trans Olímpica do BRT com o ramal ferroviário que corre em paralelo ao longo de toda a Avenida Brasil”. E, também, que “Os bilhões a serem gastos para a construção do BRT Trans Brasil poderiam ser mais bem empregados em melhorias urbanas no entorno das novas estações da Supervia que deverão ser reformadas”.
Site Supervia |
No caso da Cidade do Rio de Janeiro o item (i)mobilidade urbana entre as reivindicações das ruas remete imediatamente à superlotação dos trens e do Metrô, e à mudança no trajeto da Linha 4 original do projeto do sistema metroviário, transformando-o praticamente em um Metrô de linha única, a Linha 1 prolongada e unida à Linha 2, em detrimento de trechos que aliviariam a sobrecarga do sistema e levariam alento à população que dele mais precisa (v. análise de Miguel Gonzalez).
Por outro lado, o VLT milionário que tudo resolverá beneficiará a Zona Portuária, seguindo a mesma lógica de atender aos novos empreendimentos imobiliários da região que, tudo indica, será transformada em uma ‘ilha do Primeiro Mundo’ em meio aos caos que se vive no resto da cidade, não obstante algumas críticas da sociedade civil: por exemplo, como ocorreu no debate promovido na sede do Instituto dos Arquitetos do Brasil.
Depreende-se que, certamente, não faltam recursos para investir em Saúde, Educação e Transportes Públicos de qualidade. É apenas questão de escolher prioridades e justificá-las. Seja com argumentos verdadeiros, ou não.
“TODO GOVERNANTE TEM INVEJA
DE MIM, ATÉ A DILMA”
Que o diga o vídeo acima, divulgado em 14/10/2012, uma semana após as eleições municipais na capital fluminense: entre vários absurdos, destacamos fala espantosa que está reproduzida abaixo.
“Esse negócio de Olimpíada é sensacional prá você usar como desculpa prá tudo. Então tudo que eu tenho que fazer, agora vou fazer prá Olimpíada, fazer prá Olimpíada. Tem coisa que tem a ver com Olimpíada, tem coisa que não tem nada a ver, mas eu uso”.
*NOTA: Não obstante as propostas do governo federal apresentadas ontem já serem questionadas por diversos segmentos da sociedade civil, instituições e instâncias – e, ao que tudo indica até aqui, não passarem de retórica – chama a atenção terem sido apenas mencionados projetos de Metrô e VLT (os mais caros) e BRTs (modelo rodoviário), sem menção aos trens.