A lista do imóveis tombados e preservados (preservados apenas no nome), abandonados e em ruínas, é enorme. O artigo publicado no Diário do Rio e reproduzido a seguir, mostra apenas um exemplo.
O debate da questão envolvendo o Solar Visconde de São Lourenço pelos defensores do patrimônio cultural é de longa data, refletindo, mais uma vez, o total descaso do poder público em relação aos bens tombados na Cidade do Rio.
Confiram, ao final desta matéria, uma série de links que pontuam a história, a riqueza e o abandono deste bem.
Urbe CaRioca
Ruínas de antigo casarão do século 18 colocam moradores da Lapa em risco
O prédio, tombado pelo Iphan há mais de 80 anos, sofre com a total falta de manutenção. Esta semana, parte de sua estrutura desabou, colocando em risco a segurança de quem passa pela região
Por Victor Serra – Diário do Rio

Com sérios riscos de desabamento e até mesmo a ameaça de demolição, as ruínas do antigo casario do Visconde de São Lourenço, conselheiro de D. João VI, colocam pedestres da Rua Riachuelo, esquina com a Rua dos Inválidos, no coração da Lapa, em constante perigo. Esta semana, parte da construção desabou na calçada, e, por pouco, não atingiu quem passava pela via. O incidente aconteceu no final da tarde, quando o bairro, tradicionalmente agitado, tem um grande número de pessoas.
O prédio, que é tombado pelo Iphan desde 1938, sofre há anos com a falta de revitalização e cuidado. A construção, que hoje se encontra em estado de abandono, ainda mantém pouquíssimos resquícios sua fachada. A casa tinha três pavimentos, construídos no século XVIII em estilo colonial português. Até pouco tempo atrás, o local funcionava como estacionamento, mas desde sua venda em 2020 para uma empresa do setor, o prédio não passou por nenhuma obra significativa.
A história do casario é marcada pela negligência. Após um incêndio devastador ocorrido há cerca de 80 anos, pouco foi feito para restaurar a edificação. Na década de 90, foi idealizado um projeto para a aquisição do imóvel, visando sua restauração e revitalização, com a proposta de instalar o Centro de Referência da Arqueologia Fluminense no local. No entanto, o projeto nunca saiu do papel. Desde lá, inúmeras notícias sobre os riscos de desabamento saíram na mídia.
Ao longo dos anos, os herdeiros do imóvel, apesar de ações movidas pelo Ministério Público, demonstraram um desinteresse em preservar o casarão. Era evidente que o objetivo por trás da falta de zeladoria era deixar a construção ruir para liberar o terreno ao mercado imobiliário. Em 2022, foi elaborado um projeto para a demolição do prédio, mas ele não avançou devido a críticas e protestos de preservacionistas e da comunidade local, que se opuseram à destruição de mais um patrimônio histórico da cidade.
Nas redes sociais, moradores da Lapa e da área central do Rio expressam indignação com o estado de conservação do casarão e com a falta de ação das autoridades. “Infelizmente, muita gente vai morrer nesta área do Centro. A Prefeitura e o Corpo de Bombeiros só aparecem pós-tragédia. Cruz Vermelha e adjacências estão com dezenas de tragédias anunciadas”, desabafa um internauta. Outro morador comenta: “Tragédia anunciada. Já aconteceu outras vezes. Passo por ali todos os dias morrendo de medo.”
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