A Cidade do Rio de Janeiro e sua população sofrem cercadas não apenas por grades, medo, bandidos escondidos nas vielas escondidas espalhadas por todo o território, nas favelas – que para melhora da imagem foram rebatizadas de ‘comunidades’ – e em todos os bairros chamados de ocupações formais, onde, em escalas diferentes, o cerceamento também impera.
À Rocinha o Prefeito promete emboço e tinta para cobrir os buracos de balas – já dissemos os projéteis e não os doces – “um banho de loja” conforme inexplicável declaração. Para a favela ou comunidade Rio das Pedras, outra proposta altamente questionável, senão um projeto natimorto: substituir gradativamente casas, edifícios e estabelecimentos comerciais por edifícios de 12(doze) andares, em solo instável que mal comporta o que já existe. Será feito estaqueamento, diz o alcaide, não haverá gastos públicos, repete, ao acenar com o modelo de mais uma aplicação de CEPACs, qual aplicado na Zona Portuária. A população refuta a ideia, não obstante explicações.
Além do medo parece que o Rio está cercado pela incompetência, para dizer o mínimo. Maus políticos, Judiciário lento, Legislativo que legisla em causa própria ou para favorecer suas bases eleitorais (vide aumento de IPTU), sociedade sem ter a quem apelar.
Enquanto o Prefeito brinca de casinha em Rio das Pedras e na Rocinha, o Meio Ambiente continua abandonado – há tempos, diga-se, não atribuamos tudo ao alcaide pintor de paredes nem nos esqueçamos do Parque Municipal Ecológico Marapendi, mutilado pelo seu antecessor. Na mesma XXIV Região Administrativa, onde fica Rio das Pedras, áreas protegidas ambientalmente sofrem com a morte da biodiversidade causada por invasões e pelo lançamento irregular de esgotos. Exemplos são o Parque Municipal Chico Mendes, o Canal das Taxas e a Lagoinha. A Av. Gilka Machado é invadida, a favela Terreirão continua a se expandir e, curiosamente, um lote ocupado irregularmente pela atividade que tem o nome sugestivo de “Lava-jato” ocupa o alinhamento projetado para a Rua Jarbas de Carvalho.
Nada é feito senão alimentar embriões para mais gigantescas ocupações irregulares, talvez campo para que futuros prefeitos brinquem de casinha e vereadores garantam muitas isenções de IPTU.
Quanto ao Mercado Imobiliário que aparece no título deste post, a explicação pode estar nas entrelinhas da ótima reportagem publicada ontem, que informou o que está além da área de Rio das Pedras: “Prefeitura estuda permitir aumento de gabarito do Itanhangá até a Avenida Embaixador Abelardo Bueno”.
Possivelmente o inviável projeto de 30.000 apartamentos distribuídos em edifícios de 12 (doze) andares, para a favela, é o ‘bode’ a ser descartado enquanto se prevê mais adensamento e aumento de potencial construtivo para os terrenos vizinhos, estes, sim, de interesse para a construção civil.
O tempo dirá.
Urbe Carioca
E ainda fizeram um corredor ecológico. ..Que tem até gestor…..Melhor seria um cocorredor ecológico. ..Com a palavra os técnicos que defendem o defendem.
Obrigada pelo comentário, Frederico. As discussões estão apenas começando.