Um gambá na quarentena

CrôniCaRioca, de Andréa A. G. R.   Dia 3 – A notícia Telefona o porteiro. Calma e educadamente diz: _Temos um probleminha aqui, quero falar com a senhora. Durante a fração de segundo que se passa entre essa e a notícia que virá, um turbilhão de pensamentos. Vazamento no apartamento do vizinho, quebra-quebra, bombeiros e pedreiros mascarados, litros de álcool-gel, meu banheiro e o da vizinha destruídos… Será na cozinha? Vou fugir para a sala… A voz pausada me acorda do devaneio. _Tem um gambá no seu carro. Deve ter vindo com a senhora, da Serra. Silêncio nas duas pontas do fio que me liga à portaria. _Como sabe? _Há dois dias a lixeirinha que fica ao lado do seu carro amanhece virada. Ontem o lixo da lixeira estava revirado. Lixeirinha, lixo e lixeira, que confusão. Interrompo as explicações e(Leia mais)

Diário da Quarentena – maio/2020 semana IV, de Celso Rayol

Em continuidade ao artigo “A arquitetura está presente”, de Celso Rayol, presidente da Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura do Rio de Janeiro (AsBEA-RJ), ilustrado com charges do arquiteto que, de maneira singular, aborda aspectos curiosos relacionados a esses dias de confinamento, publicamos, conforme anunciado, as artes criadas ao longo da semana. Abaixo, a especial seleção das charges de Rayol para levar sorrisos aos amigos leitores nestes tempos atípicos. Urbe CaRioca Diário da quarentena – 30/maio/2020, de Celso Rayol  

Musiquinha infantil para espantar o coronavírus, by Reclamilda

Queridos amigos, Eu, Reclamilda, todos sabem, não reclamo. Apenas penso, discuto com minhas melhores amigas Elogilda a Ana Lisa. Palpiteiras conscientes que somos, palpitamos juntas sobre o que entendemos ser melhor para a nossa cidade depois de muita conversa civilizada. Em tempos tão estranhos nesta urbe carioca e no mundo, quando surge um bichinho malvado sem freios ou limites que nos obriga a ficar em isolamento, obedientes ao que mandam médicos e gestores públicos continuamos a nos encontrar graças à magia da internet: reclusas porém unidas pela saúde nossa e de todos! Somos idosas! Reclamei só um pouquinho, Elogilda disse que ia ficar tudo bem e Ana Lisa, ponderada e sabiamente, sugeriu que fizéssemos algo para ajudar papais, mamães e crianças pequenas que estão em casa, sem passear nas pracinhas e ruas do Rio e do Brasil. O resultado foi(Leia mais)

QUANDO EU ERA CRIANÇA, 2019 – O BECO DA TAMANDARÉ

CrôniCaRioca Beco (Dicionário Houaiss) – subst. masculino – 1 rua estreita e curta, por vezes sem saída; ruela – 2 Regionalismo: Ceará. m.q. esquina Chamávamos o lugar de Beco. Ruas nem tão estreitas nem tão curtas aos olhos de uma menina pequena, saídas havia. Quatro entradas, portanto, quatro saídas. Beco, ainda que diferente. Nos anos 1950 e 1970, Zona Sul da Cidade Maravilhosa, a relação dos moradores com as ruas, por certo menos intensa do que na Zona Norte, ainda era rica. O espaço formado pelas vias internas do conjunto de três edifícios, que ainda existe no bairro do Flamengo, era meu e de todos. Quanto aos prédios, um tinha frente para a Rua Almirante Tamandaré e outro para a Rua Machado de Assis. O terceiro era voltado à Praia do Flamengo. Neste morei ao nascer, em apartamento térreo bem pertinho da vida(Leia mais)

Amo praticamente

Um diálogo entre Reclamilda e sua netinha de cinco anos no dia da eleição, 07/10/2018. CrôniCaRioca Netinha: Vovó, o que é “Amo praticamente”? Reclamilda: Não entendi bem, Querida. Você quer dizer que ama praticamente todo mundo, ama todas as pessoas? Netinha: Não, vovó, não é nada disso. É igual como falam naqueles desenhos que vocês estavam vendo ontem, e ficavam dando um monte de risadas. Reclamilda: Hummm….. será o que estou pensando? Netinha: É, aqueles vídeos* que tinham umas palavras que você disse que eu não podia escutar nem repetir, aí tampou a minha orelha, me dando beijinho na bochecha, mas eu ouvi assim mesmo, aquele moço de chapéu e o outro moço com dodói na barriga falaram bobagem, eu bem escutei. Reclamilda: Ah, sabida! Você está falando da moça de pescoço comprido, que usava óculos e falava um monte(Leia mais)

De volta à Urbe CaRioca – Um Quadro e o Carnaval

Andréa Albuquerque G. Redondo Depois de uma temporada fora do Rio de Janeiro devido a questões pessoais, volto à minha querida cidade natal. Gostaria de não escrever sobre a violência crescente, assunto constante em todos os noticiários, sabido e conhecido aqui e além-mar. Mesmo envolvida com compromissos familiares, pude acompanhar os acontecimentos graças à magia da internet. Melhor evitasse. Dizem que “o que os olhos não veem o coração não sente”, verdade que, infelizmente, não esconde a verdade que massacra o carioca sem dó, psicológica e literalmente: perda de vidas sem distinção de gênero, idade, profissão, classe social – adultos, crianças, nenéns… O que nos resta além de rezar? Só medo, tal é a impotência diante de quadro que fica mais tenebroso a cada dia, o Retrato de Dorian Gray do Século XXI. Se, de longe, os vários eventos por(Leia mais)

Um Natal longe do meu Rio

CrôniCaRioca,  de Andréa Redondo, Natal/2017 Pela primeira vez nas minhas mais de seis décadas de vida, passo o Natal fora da minha cidade natal, o Rio de Janeiro. Circunstâncias me trouxeram a Londres para participar de um outro feliz evento natalino. Tal como em 2013, mais uma vez, meu presente de Natal chegou mais cedo! Aqui, em vez de shorts, biquínis e vestidinhos leves, imperam casacos, cachecóis, gorros e botas. No frio do hemisfério norte Papai Noel deve sentir-se confortável, na roupa vermelha adornada com pele branca! No Rio, só com ar condicionado! O frio não assusta londrinos e visitantes. Nas ruas comerciais de Central London, geladas para o padrão carioca, fervilha o espírito de Natal. Movida pela tradição, hábito, prazer, ou pelo encanto e obrigações que o comércio natalino provoca, a preparação para a Noite Feliz está presente em(Leia mais)

Quando eu era criança – No Rio de Janeiro, um Parque de Diversões e a Praça do Congresso

Uma CrôniCaRioca no Dia das Crianças Com uma postagem sobre um Parque de Diversões que fica na Zona Norte e intitula-se “O parque mais tradicional do Rio de Janeiro”, o geógrafo Hugo Costa – autor de vários estudos e artigos sobre a Zona da Leopoldina, transportou muitos, e a mim, à infância. O Parque Shangai fica no Largo da Penha, bairro da Penha, nas proximidades da Igreja com o mesmo nome, famosa por sua escadaria com 382 degraus, que fiéis sobem de joelhos, pagando promessas. Ao ler sobre a história do Shangai, disponível no site Wikipedia*, descobri, com agradável surpresa, que o parque é muito antigo, e que eu era assídua frequentadora quando funcionava na Quinta da Boa Vista! *Fundado em julho de 1919[2] (a empresa fundadora existe desde 1910)[2] como um parque itinerante, é considerado um dos primeiros parques temáticos do Brasil.(Leia mais)

Sem fios e sem calçadas

Uma triste CrôniCaRioca Andréa Albuquerque G. Redondo, 20/09/2017 Hoje este site urbano-carioca trataria de fiação aérea e pavimentação de calçadas, assuntos que fazem parte da vida do morador da Cidade do Rio de Janeiro no seu dia-a-dia. Impossível. Tombos, estética e perigos causados pelo descaso com detalhes urbanos perdem a importância diante de mais uma onda de violência que cresce a cada minuto no nosso Rio que, dizem, é a Cidade Maravilhosa, ou, quem sabe, tenha sido. Como falar sobre a horrível e embaralhada fiação aérea se ao olharmos para cima vemos primeiro balas – o projétil e não a guloseima – passando sobre nossas cabeças como cometas assassinos em busca do próximo alvo? Como falar sobre calçadas malconservadas, leito de buracos, depressões e ressaltos, quando nossas calçadas ficam manchadas de sangue todos os dias, o passeio é transformado em(Leia mais)

PARABÉNS, CIDADE DO RIO DE JANEIRO!

Cantam os cariocas e o Rio responde, no aniversário de 452 anos da Mui Leal e Heróica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro! Os cariocas: Parabéns ao meu Rio, Nesta data querida! Seja cidade inteira, Nunca mais dividida! Parabéns, é seu dia! Chega de violência. Mostre sua alegria, Simpatia e decência! O Rio de Janeiro: Obrigada, meu povo, Juro, vou me esforçar! Quero ajuda, então peço, Vamos colaborar! Os cariocas: Eu prometo, agora, Minha linda cidade, Te tratar com respeito, E com dignidade. No entanto, relembro, A toda autoridade. Não se esqueça da sua, Responsabilidade! Todos: É lindo, é lindo, E mais que sol e mar! É hora, agora, É hora de cantar!