Elegia à Escada, de Marcos Moraes de Sá *

Neste belíssimo poema, Marcos Moraes de Sá, tem como figura central de sua arte a  escada, símbolo de passagem e de movimento, e que sempre acompanhou a arquitetura e a vida urbana. Mais do que um simples elemento funcional, ela já foi palco de encontros, metáforas de ascensão e descida, testemunha silenciosa de histórias humanas. * Marcos Moraes de Sá é arquiteto Urbe CaRioca elegia à escada era bela, iluminada, animava a chegada dinamismo anunciava com a modernidade ficou enclausurada sem significado sem dignidade sem compasso sem espaço agora é só funcional à prova de fogo imune à fumaça mas asfixia-se sem prosa sem poesia sem ritmo sem energia esconde-se e envergonhada permanece fechada a pobre coitada perderam todos o edificio o homem a cidade    Fotos da escada do Edifício Mayapan

MPF pede paralisação das obras no Jardim de Alah

O Ministério Público Federal (MPF) pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) a suspensão imediata das obras no Jardim de Alah, área tombada que liga Ipanema ao Leblon e conecta o mar à Lagoa Rodrigo de Freitas, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O projeto, conduzido pela concessionária Rio Mais Verde, prevê a instalação de lojas, restaurantes, supermercado, anfiteatro e centenas de vagas de estacionamento, além da derrubada de 90 árvores — mudanças que, segundo o MPF, descaracterizam o patrimônio histórico e podem causar sérios danos ambientais. A ação reforça os questionamentos já apresentados pelo Ministério Público do Estado do Rio e pela Associação dos Moradores e Defensores do Jardim de Alah (AMDJA), que reuniu mais de 30 mil assinaturas contra a intervenção. Para os críticos, a concessão viola a Lei Orgânica do Município e ignora o tombamento definitivo(Leia mais)

A antiga capital é cada vez mais esvaziada, de Christian Lynch

Neste artigo publicado originalmente no jornal O Globo, Christian Lynch , cientista político, jurista e historiador, destaca que o Rio de Janeiro, outrora centro político e cultural do país, vê-se novamente diante de um processo de esvaziamento institucional que se arrasta há décadas. A transferência da Superintendência de Seguros Privados (Susep) para Brasília é mais um capítulo de uma longa história de perdas que fragilizaram a antiga capital e deslocaram para São Paulo e para o Distrito Federal não apenas órgãos estratégicos, mas também poder econômico e influência política. O episódio reacende o debate sobre o papel do Rio no pacto federativo e sobre a necessidade de políticas que resgatem sua condição singular no imaginário e na vida nacional. Urbe CaRioca A antiga capital é cada vez mais esvaziada Com projeto de transferência da Susep, de novo o Rio perde,(Leia mais)

Leopoldina: da promessa de progresso à realidade de cidade fantasma

O geógrafo Hugo Costa, colaborador assíduo deste blog, é morador e estuda a Zona Norte em profundidade. É um dos entrevistados na reportagem de Selma Schmidt sobre a Região da Leopoldina publicada em 14/09/2025 no Jornal O Globo. Assim como os governantes deviam usar o transporte público, morar durante algum tempo em áreas degradadas e abandonadas poderia reverter olhares e ações sobre essas. Ou melhor, levar a novos olhares e ações essenciais. Urbe CaRioca Chamada de ‘cidade-fantasma’, Zona da Leopoldina sofre esvaziamento por descaso e violência Com 13 bairros, região perdeu 19% de sua população, enquanto Barra da Tijuca engordou 12% entre 2010 e 2022 Por Selma Schmidt – O Globo Link original O aposentado Vânio Korrêa, de 67 anos, chegou há quase cinco décadas a Ramos — um dos 13 bairros da chamada Zona da Leopoldina, cortados pela antiga(Leia mais)

De Mário para Duda

Inspirados em Elio Gaspari, jornalista em constante sintonia com o Além, Orlando de Barros e Andréa Redondo, cientes da preocupação de uma figura ilustre em relação ao Centro do Rio, entraram em contato com o Céu dos Poetas e sugeriram que o prestigioso autor se manifestasse. Boa leitura. Urbe CaRioca   Orlando de Barros e Andréa Redondo Caro Duda, Espero que esta missiva o encontre bem. Saiba que tratá-lo pelo apelido é carinho, jamais desrespeito. Pela minha idade comparada à sua – menino cuja carreira acompanho desde cedo, sinto-me à vontade para recordar como era conhecido durante seus primeiros passos na política. Era o despontar de um futuro promissor. Isso esclarecido, vamos ao ponto. Batizar a praça localizada no Centro do Rio de Janeiro com meu nome depois que parti, foi um presente a este então nonagenário. Gostei da justa(Leia mais)

Autoridades precisam sentir na pele o caos no transporte, por Andréa Redondo

Por Andréa Redondo – O Globo Link original Passageiros permanecem durante horas em ônibus lotados, ruidosos e abafados, no ‘Rio 40 graus’ de Fernanda Abreu No filme francês “Entre dois mundos”, a personagem interpretada por Juliette Binoche é escritora, fato de que o espectador ganha ciência no avançar da projeção. Para escrever sobre as dificuldades da classe trabalhadora francesa, decide viver sua realidade. Muda-se de Paris para uma cidade portuária e, sob nome falso, emprega-se como faxineira. O trabalho exaustivo intensifica-se quando passa a integrar a equipe noturna dedicada a limpar, em tempo exíguo, cabines da balsa que transporta passageiros entre a França e a Inglaterra. O livro a ser escrito exporá as condições precárias a que mulheres se submetem para sobreviver com parcos recursos vindos do trabalho honesto. O paralelo com a situação enfrentada por cariocas e fluminenses no(Leia mais)

Tombamento: a desconstrução do instituto pelos órgãos de preservação?, de Sonia Rabello

Neste artigo, publicado originalmente no no site “A Sociedade em Busca do seu Direito”, a professora e jurista Sonia Rabello aborda a questão do tombamento de bens públicos municipais e sua relação com áreas de proteção federal, fazendo uma profunda análise não apenas sobre a formalização jurídica desses tombamentos, mas também a importância da proteção integrada. São destacados dois casos emblemáticos de bens tombados, alvos de mobilização popular no Rio de Janeiro e que envolvem as mutilações do Pão de Açúcar e do Jardim de Alah, ressaltando os impactos legais e sociais da preservação de espaços históricos e culturais, com ênfase na necessidade de coerência entre normas municipais e federais. Urbe CaRioca Tombamento: a desconstrução do instituto pelos órgãos de preservação? Os casos das mutilações do Pão de Açúcar e do Jardim de Alah, no Rio No Rio de Janeiro,(Leia mais)

Rio de Janeiro histórico: dez igrejas tombadas que guardam arte, fé e música

O Rio de Janeiro não guarda apenas as paisagens que lhe renderam fama mundial. Em meio ao Centro da cidade, a poucos passos de distância, estão algumas das mais belas igrejas do Brasil, verdadeiros testemunhos de quase quatro séculos de história. Entre talhas douradas, azulejos portugueses, pinturas ilusionistas e esculturas de mestres do período colonial, esses templos são mais do que espaços de fé: são guardiões da memória artística, cultural e política do país. Visitar essas igrejas é percorrer um roteiro que vai do barroco exuberante ao refinamento do rococó e à sobriedade neoclássica, passando por episódios marcantes como coroações imperiais, milagres populares e manifestações religiosas que moldaram a identidade do Rio. Além da riqueza arquitetônica e das obras de arte, muitos desses espaços oferecem visitas guiadas e concertos, transformando cada parada em uma experiência única de contemplação e aprendizado.(Leia mais)

Zona da Leopoldina: do desejo da classe média ao abandono, de Hugo Costa

Neste artigo, o geógrafo Hugo Costa destaca que a Zona da Leopoldina, que nos anos 1980 figurava como objeto de desejo da classe média carioca, é hoje um retrato vívido do abandono urbano. Naquele período, a região atraía investimentos privados e publicidade de peso — como o icônico comercial estrelado por Xuxa e Pelé, promovendo apartamentos com piscina, sauna e vista para a Igreja da Penha. Quase quatro décadas depois, a realidade mudou drasticamente: os imóveis se fecham, muitos são abandonados, e a população migrou para outras áreas da cidade, transformando a Leopoldina em uma espécie de “cidade fantasma” dentro da metrópole. O autor revela que essa transformação não ocorreu de forma isolada, mas refletiu décadas de políticas públicas inconsistentes e de investimentos concentrados em outras regiões do Rio de Janeiro. Planos diretores e estratégias urbanísticas sucessivas, de 1992 a(Leia mais)

Forte de Copacabana: Perigo à vista

Não nos surpreenderá o surgimento de um projeto de ocupação estranha ao Forte de Copacabana. Há alguns anos cogitou-se construir ali um hotel de luxo, ideia logo descartada por estapafúrdia. A notícia reproduzida abaixo surge na esteira de um decreto do Prefeito do Rio sobre licenciar na região do Arpoador apena projetos ligados ao turismo. Especulou-se que seria reserva de mercado devido a estar em negociação a venda do antigo Colégio São Paulo. Haverá algo além? É curioso ter sido chamado o mesmo arquiteto autor do projeto polêmico para ampliar as construções no alto do Pão de Açúcar, incluindo a famigerada Tirolesa. Sendo a cidade administrada por quem destombou o cinema Leblon, destrói e estupra uma belíssima área pública – também tombada – da importância e magnitude do Jardim de Alah, enquanto cuida de cascas de tangerina midiáticas no BRT,(Leia mais)

Centro do Rio: O Bom e o Mau

Ou, o Bem e o Mal O debate sobre o futuro do Buraco do Lume, no Centro do Rio, ganhou força após o lançamento de uma campanha contra a construção de um condomínio no local. A proposta, duramente criticada por movimentos sociais e parlamentares, é vista como um risco para a preservação do espaço histórico e simbólico da cidade, que há décadas funciona como palco de manifestações políticas e culturais. A mobilização busca impedir que o interesse imobiliário se sobreponha ao direito coletivo de manter áreas públicas vivas e acessíveis à população. Não há qualquer justificativa plausível para transformar um espaço de referência em mais um empreendimento privado. O Lume  simboliza resistência, memória coletiva e vida pública em uma cidade que já sofre com a falta de áreas de encontro e expressão. Avançar com esse projeto seria uma afronta ao(Leia mais)