De Mário para Duda

Inspirados em Elio Gaspari, jornalista em constante sintonia com o Além, Orlando de Barros e Andréa Redondo, cientes da preocupação de uma figura ilustre em relação ao Centro do Rio, entraram em contato com o Céu dos Poetas e sugeriram que o prestigioso autor se manifestasse. Boa leitura. Urbe CaRioca   Orlando de Barros e Andréa Redondo Caro Duda, Espero que esta missiva o encontre bem. Saiba que tratá-lo pelo apelido é carinho, jamais desrespeito. Pela minha idade comparada à sua – menino cuja carreira acompanho desde cedo, sinto-me à vontade para recordar como era conhecido durante seus primeiros passos na política. Era o despontar de um futuro promissor. Isso esclarecido, vamos ao ponto. Batizar a praça localizada no Centro do Rio de Janeiro com meu nome depois que parti, foi um presente a este então nonagenário. Gostei da justa(Leia mais)

Zona da Leopoldina: do desejo da classe média ao abandono, de Hugo Costa

Neste artigo, o geógrafo Hugo Costa destaca que a Zona da Leopoldina, que nos anos 1980 figurava como objeto de desejo da classe média carioca, é hoje um retrato vívido do abandono urbano. Naquele período, a região atraía investimentos privados e publicidade de peso — como o icônico comercial estrelado por Xuxa e Pelé, promovendo apartamentos com piscina, sauna e vista para a Igreja da Penha. Quase quatro décadas depois, a realidade mudou drasticamente: os imóveis se fecham, muitos são abandonados, e a população migrou para outras áreas da cidade, transformando a Leopoldina em uma espécie de “cidade fantasma” dentro da metrópole. O autor revela que essa transformação não ocorreu de forma isolada, mas refletiu décadas de políticas públicas inconsistentes e de investimentos concentrados em outras regiões do Rio de Janeiro. Planos diretores e estratégias urbanísticas sucessivas, de 1992 a(Leia mais)

A mágica do prefeito

Um passe de mágica chamado leis que desrespeitam leis. Onde a legislação determina altura máxima de 12m – o que comporta quatro andares em prédio não afastado das divisas – a soma de Reviver Centro, Mais-Valia e Mais-Valerá produz um prédio de oito andares. A imagem da reportagem online  mostrava o edifício inteiro. Foi substituída por detalhe apenas dos níveis superiores da futura construção. O truque ilusionista – real explica o boom imobiliário em Ipanema sem a elaboração do respectivo Projeto de Estruturação Urbana, como devido. Urbe CaRioca Opportunity bate meio bilhão em projetos de ‘estúdios’ na Zona Sul do Rio Por Rennan Setti – O Globo Link original O Opportunity Fundo de Investimento Imobiliário vai lançar seu oitavo projeto residencial com foco em estúdios na Zona Sul do Rio, em uma aposta no potencial turístico e no apetite de(Leia mais)

O urbanismo “me engana que eu gosto”

Este blog urbano-carioca não acredita nas “boas intenções” do Eduardo Paes. Depois de destruir o que resta de Ipanema – bairro no qual a construção civil foi fomentada pelo Prefeito – o que pode ser classificado exatamente como especulação imobiliária, tal o aumento de gabaritos de altura, taxa de ocupação e Área Total de Edificação vigentes, permitir a transformação de hotéis (os antigos e os liberados “pra Plimpíada”) em prédios residenciais também com bônus, como crer no discurso sobre incentivar o turismo? Parece tentativa de reservar o terreno do Colégio São Paulo a algum outro interesse. Resta aguardar. Urbe CaRioca Prefeitura do Rio cerca o Arpoador com regras urbanísticas para conter avanço da especulação O município agora estabelece critérios próprios para o licenciamento de projetos na região e suspende por 180 dias a emissão de novas licenças para obras que(Leia mais)

Sempre o Gabarito – Centro e Ipanema: cqd *

No último dia 10, o jornal O Globo publicou a reportagem “O boom imobiliário de Ipanema”, na qual destaca que o mercado imobiliário de Ipanema vê surgirem dezenas de novos edifícios, crescimento impulsionado por lançamentos de alto padrão e forte valorização de preços. Esse movimento ocorre num contexto de escassez de terrenos disponíveis, elevada demanda por exclusividade por parte de segmentos de alta renda e investidores, além da valorização contínua do metro quadrado no bairro. Depois de alguns anos, a mídia aponta o que este blog afirmou desde o anúncio do programa “Reviver Centro”, baseado em isenções fiscais e aumento de gabaritos (fora do estabelecido em lei, por óbvio), a dupla recorrente que pretende resolver todos os problemas da cidade à custa de potencial construtivo exacerbado e liberação de impostos – leia-se: recursos públicos que deixam de ser aplicados em(Leia mais)

Rio, sempre à venda

Uma disputa urbana se desenrola na Barra da Tijuca, onde moradores de um condomínio de alto padrão conseguiram barrar, na Justiça, o leilão de um terreno da prefeitura avaliado em mais de R$ 21 milhões. O motivo da revolta? A possibilidade de o espaço ser destinado à construção de um templo religioso, contrariando a destinação legal prevista em lei. A decisão judicial, em caráter liminar, reflete um embate cada vez mais comum nas grandes cidades: o conflito entre interesses coletivos da vizinhança, legislação urbanística e o uso de terrenos públicos. O caso revela ainda como uma simples consulta da prefeitura pode mobilizar a sociedade e suspender procedimentos de alto impacto financeiro e político. Urbe CaRioca Moradores impedem que terreno da Barra da Tijuca vire templo religioso Terreno com lance mínimo de R$ 21 milhões, posto em leilão, fica na Barra(Leia mais)

Urbanismo na Zona Portuária sob a análise de Pedro Jorgensen

O comentário abaixo foi publicado pelo arquiteto Pedro Jorgensen em sua página no Facebook, denominada “Organização espacial e história urbana – estudos, publicações, ideias”. As observações referem-se à reportagem publicada no Diário do Rio, intitulada “Região Portuária seguirá trajetória de valorização da Barra, acredita vice-presidente do Secovi Rio”. Segundo afirmação de Leonardo Schneider, vice‑presidente do Secovi Rio, na referida reportagem, a transformação da Zona Portuária do Rio em um novo polo imobiliário já está em andamento. Schneider compara esse processo ao que ocorreu na Barra da Tijuca: antes subvalorizada, transformou-se ao longo dos anos por meio de infraestrutura e projetos urbanísticos. A seguir, a opinião de Pedro Jorgensen: “Organização espacial e história urbana – estudos, publicações, ideias” Por Pedro Jorgensen O título dessa matéria (abaixo) deixa claro o ponto de vista desde o qual ela foi escrita – o dos(Leia mais)

Quando eu era criança, 2019 – O Beco da Tamandaré *

CrôniCaRioca *Artigo publicado neste blog em 12 de outubro de 2019. Quase seis anos depois, as leis urbanísticas continuam em franca modificação, sempre com o objetivo de aumentar o potencial construtivo dos terrenos no município do Rio de Janeiro.   Beco (Dicionário Houaiss) – subst. masculino – 1 rua estreita e curta, por vezes sem saída; ruela – 2 Regionalismo: Ceará. m.q. esquina Chamávamos o lugar de Beco. Ruas nem tão estreitas nem tão curtas aos olhos de uma menina pequena, saídas havia. Quatro entradas, portanto, quatro saídas. Beco, ainda que diferente. Nos anos 1950 e 1970, Zona Sul da Cidade Maravilhosa, a relação dos moradores com as ruas, por certo menos intensa do que na Zona Norte, ainda era rica. O espaço formado pelas vias internas do conjunto de três edifícios, que ainda existe no bairro do Flamengo, era meu e de(Leia mais)

Segurança e mobilidade em perspectiva nas metrópoles, de Sérgio Magalhães

A cidade metropolitana do Rio tem a maior parcela de população que leva mais de duas horas nos deslocamentos casa-trabalho-casa Por Sérgio Magalhães, arquiteto, preside o Conselho de Habitação e Desenvolvimento Urbano da ACRJ O Globo – Link original Do alto de seus quase 104 verões, o filósofo francês Edgar Morin nos inspira: “Retiramos como lição da História que o improvável pode acontecer, logo é sadio e tonificante tomar o partido do melhor”. A vida das metrópoles é complexa, com questões inter-relacionadas que pedem políticas transversais. Políticas setoriais autônomas não oferecem bom resultado. É o caso da segurança pública quando tratada exclusivamente pelo viés policial. Também o caso da mobilidade, que precisa de articulação entre os agentes públicos responsáveis pelos diversos modais. E da moradia, interligada a eles. Assim, deve ser saudada a recente decisão do Supremo Tribunal Federal em(Leia mais)

Há algo de estranho na estratégia de criação de Parques na gestão Eduardo Paes, de Hugo Costa

Por Hugo Costa, geógrafo Como muitos cariocas, seja na TV em horário nobre ou na internet, fui impactado pelo novo comercial da Prefeitura do Rio de Janeiro falando sobre os novos Parques Urbanos da Cidade do Rio de Janeiro. Se você por um acaso tenha sido um dos poucos cariocas que ainda não viu a peça publicitária, a Prefeitura do Rio montou um endereço na web exclusivamente para falar sobre isso, incluindo o vídeo de ampla divulgação: parquescariocas.prefeitura.rio Neste endereço e no vídeo, a mensagem é bem clara: “Onde tem mais parque, tem mais vida. Os novos parques do Rio estão mudando a vida de muitos cariocas. É mais verde, mais lazer e segurança para as famílias curtirem pertinho de casa, com ocupação de espaços vazios e preservação ambiental.” E cita onde foram construídos os novos Parques do Rio: 1.(Leia mais)

Ai de Ti, Copacabana

Por Claudia Madureira, arquiteta e urbanista, aposentada da PCRJ   Copacabana parece ter saído de uma zona de guerra, onde dormem e erram famintos zumbis que reviram montes de lixo, sempre esparramado pelas calçadas. Estas parecem ter sofrido bombardeios, de tantos buracos e remendos. Entre tudo e todos, camelôs. Neste cenário pós- apocalíptico, lojas se transformam em tendas pobres, ou são fechadas. Agências Bancárias abandonam suas instalações com a expansão dos serviços digitais e se oferecem como novos pontos comerciais, inutilmente. Farmácias surgem a cada dia, quatro, cinco por quarteirões, e se mantêm vazias, sugerindo estranhas atividades. Junto ao mar, na calçada, quiosques se fecham com muros de plantas sobre vasos altos e privatizam a visão da praia, em meio a sons tão altos que escondem os ruídos do mar. Entre os quiosques das calçadas, nas areias, barracas informais de(Leia mais)