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Rua da Constituição, Centro, Rio de Janeiro, out/2015. Foto: Marconi Andrade |
Eduardo Cotrim
Em a Mão e a Luva, logo no início, Machado de Assis conta que um dos três pretendentes da jovem Guiomar, o Luís Alves, mais ambicioso, morava na Rua da Constituição…
“(…) que então se chamava dos Ciganos, – então, isto é, em 1853, uma bagatela de vinte anos lá se vão (…)”.
No final da história, Luís Alves e Guiomar dialogam. O bruxo do Cosme Velho não diz onde, mas provavelmente no sobrado da Constituição. Já estavam casados há um mês.
“(…) E com um modo gracioso continuou:
– Mas que me dá você em paga? Um lugar na câmara? Uma pasta de ministro?
– O lustre do meu nome, respondeu ele.
Guiomar, que estava de pé defronte dele, com as mãos presas nas suas, deixou-se cair lentamente sobre os joelhos do marido, e as duas ambições trocaram o ósculo fraternal.
Ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão.”
Enfim, ainda que Guiomar não tenha ganhado um lugar na câmara nem pasta de ministro, não fosse o VLT, não enxergaríamos os pés-de-moleque a um metro das calçadas, coisa que Luís Alves em 1874 também não via mais. Por outro lado, ironicamente, nada sobrou das casas em que Machado viveu.
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Eduardo Cotrim é arquiteto