Londres, depois dos Jogos Olímpicos

Sobre o prometido legado olímpico, com direito à múltiplos investimentos pela Cidade e que “beneficiariam” a longo prazo a população, inclusive com arenas esportivas que dariam lugar a escolas*, tivemos, na realidade, muitas das construções impávidas foram entregues ao abandono e à falta de manutenção, refletindo, mais uma vez, o descaso com a verba pública e com a própria sociedade. Em paralelo, um exemplo diametralmente oposto ao do (des) cumprido pelas autoridades brasileiras. De acordo com publicação do portal Londonist, por Will Noble, Londres está crescendo em ritmo acelerado, e são notórias as transformações percebidas nas últimas décadas, sobretudo em face dos jogos lá realizados, em 2012. Vale destacar uma declaração do então e atual prefeito do Rio, quando bradou : “Não vamos gastar muito dinheiro público. Vamos deixar muito legado para a população e não vamos deixar ‘elefante branco’.(Leia mais)

O silêncio do som

Andréa Redondo Crônica escrita no escopo da Oficina Literária Eduardo Affonso “A música, essa linguagem sublime, opera como o incenso e o perfume — entra em nós, só Deus sabe que pedaço do nosso ser ela tocará”. (Em a diferença entre amar e gostar, Roberto DaMatta, Antropólogo – O Globo, 02/08/2023) “Você pode ouvir a música?” Bohr pergunta a Oppenheimer em um ponto, referindo-se aos sons imaginados de partículas invisíveis realizando seus negócios. (Em Oppenheimer – filme, 2023) O radicalismo dos homens de branco acendeu uma fogueira, nela reduziu instrumentos musicais a cinzas, substituiu o som de melodias criadas pelo homem por estalos de madeiras que se despedem, crepitação. Chamas dançam em direção ao céu. Notas caladas. Acordes tolhidos. Para aqueles intolerantes a música é imoral. Eliminá-la é condição para merecer o Reino Eterno. A notícia me desnorteia. Diz-se que(Leia mais)

Aumento dos índices construtivos e redução (ou isenção) de impostos: única alternativa para as cidades?

Na edição desta quinta-feira de O Globo, a notícia de que o bairro Imperial de São Cristóvão, na Zona Norte da Cidade, por meio de um acordo entre os governos federal e municipal, passará a fazer parte da área do projeto Porto Maravilha, com os mesmos incentivos já oferecidos à região portuária, e novidades que vão valer para os dois pontos da cidade. A ideia é estimular a ocupação do bairro. A matéria destaca, entretanto, que a Câmara Municipal precisa aprovar as alterações na legislação urbanística propostas em um projeto de lei que começou a tramitar ontem no Legislativo. Apesar das aparentes “boas intenções” do Executivo, federal e municipal, vale questionar se, de fato, o aumento dos índices construtivos e a redução (ou isenção) de impostos, atualmente, é a melhor ou única saída para o desenvolvimento das cidades. É importante(Leia mais)

Vinte e Oito de Julho – Independência e Saliência, de Chico Fonseca

São Luís, julho de 1823. Na madrugada do dia 27, um domingo, o navio do capitão Thomas Alexander Cochrane, armado até os dentes, aguardava fora da barra o momento certo para a ação. A tripulação de mercenários recolheu a âncora, levantou as velas e foi singrando, sorrateiro, as águas revoltas da entrada da baía de São Marcos. Com uma falsa bandeira britânica tremulando na popa, iluminada pelos primeiros raios do sol da manhã, passou em frente ao forte de Santo Antônio sem ser incomodado. Fazia quase um ano que D. Pedro I havia dado o famoso, embora inverídico, grito do Ipiranga. Uma lenda, já que, acometido de severa diarreia, o esforço de um grito poderia trazer graves consequências para o coitado do cavalo que o transportava. Maranhão e Pará, fiéis à coroa portuguesa e vivendo um período de prosperidade, resistiam(Leia mais)

Flamengo, o Estádio: novo estágio

A intenção do Flamengo de construir o seu próprio estádio na região do Gasômetro, no Centro do Rio, volta a ser tema de debate dentro do clube. Embora distante do futuro estádio, a inauguração de novo museu na Gávea pode influenciar a existência de uma futura “Cidade do Flamengo”. A região do Gasômetro, parte do projeto olímpico para a Região Portuária que seria destinada à construção de residências, segue como favorita. Ao mesmo tempo, a licitação do Maracanã nos planos do time rubro-negro. Urbe CaRioca   Estádio do Flamengo vai sair? Pedro Paulo e Landim comentam andamento de projeto Por Davi Ferreira – O Globo 04 de agosto de 2023 – Link original Declarações sobre um futuro estádio do Flamengo surgiram durante a inauguração do novo museu do clube, realizada na Gávea nesta sexta-feira. Presentes na cerimônia, o presidente rubro-negro,(Leia mais)

Reviver Centro – mais benefícios a caminho… da Zona Sul e Barra da Tijuca

Na Ordem do Dia desta semana na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, dois projetos de lei que ampliam os benefícios do programa Reviver Centro – ao qual desejamos que produza os melhores resultados – mas que até agora tem resultado em muitas novas construções na Zona Sul, em especial no bairro de Ipanema, conforme apontado em diversas postagens. Ainda não se tem notícia sobre a esperada migração de moradores para o Centro, enquanto os empreendedores da construção civil constroem a todo vapor nas aéreas nobres da Cidade já bastante adensadas, beneficiados  em contrapartida aos investimentos feitos no Centro. A considerar as novas leis a caminho, a alegria dos empreiteiros crescerá tanto quanto os gabaritos e índices urbanísticos igualmente aumentados.  Os Pls ocupam a 2ª (o PLC, que está em segunda e última discussão) e a 18ª (o PL,(Leia mais)

Maratona

Criança tem cada uma… _ Vovô, por que coxa de gente velha balança quando anda? _ É assim mesmo, meu bem, se a gente comer direito e fizer bastante exercício, melhora. Depois dessa tive que me aprumar, fiz a mim mesmo o desafio, agora estou aqui, ansioso, espero o início. A última faz tempo. Hei de conseguir. Nada de ficar pelo meio do caminho. Quero tudo, completar, até o final como nos áureos tempos de atleta! Sinto a adrenalina percorrer o meu corpo, estou pronto para dar a partida. Agora! Preciso ir com calma, paciência, devagar se vai ao longe, a lebre se cansa, a tartaruga vence. Acelero devagar, bom oximoro, deve-se ganhar velocidade aos poucos. O calção me aperta, comprei o tamanho errado? Coração dispara, recuo. Respirar, respirar. O segredo é controlar o ritmo, falta muito, se correr demais(Leia mais)

Ao irregular, a marreta: uma piada urbano-carioca

“Quanto ao futuro das construções gravadas com o uso eterno de hotel, só o futuro dirá. Dizem que eterno só Deus. No Rio de Janeiro, Deus tem concorrentes: os hotéis erguidos com as benesses olímpicas”  – Em “Hotéis `Pra Olimpíada´- Sem surpresas” Notícias divulgada em várias mídias – rádios, jornais e tv – dão conta de operação realizada pela Prefeitura do Rio de Janeiro, na manhã do dia de hoje, para a demolição de construção irregular no bairro de Copacabana, Zona Sul da Cidade. De acordo com o portal da própria Prefeitura, a Secretaria de Ordem Pública (Seop) e a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação (SMDEIS) começaram a demolir dois andares de uma edificação destinada a hotel, na Rua Bolívar, número 65, quadra próxima da orla marítima. Segundo a notícia oficial, o acréscimo foi feito de forma(Leia mais)

Notícia sobre a concessão do Jardim de Alah

Nos últimos meses publicamos várias notícias e artigos sobre o processo de licitação para obras no espaço público denominado Jardim de Alah, favoráveis e contrários à proposta que se apresentava. No dia 21 do corrente, a Prefeitura anunciou que o Consórcio Rio + Verde venceu a licitação da Parceria Público Privada (PPP) para administrar o Jardim de Alah por 35 anos. O resultado foi anunciado pela comissão de licitação da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPAR) depois de concluir a avaliação das propostas. Três empresas participaram da concorrência: o Consórcio Rio + Verde, o Consórcio Novo Jardim de Alah e a empresa Duchamp Administradora de Centros Comerciais. A quem interessar, aqui está link para a reportagem divulgada pela televisão no noticiário RJTV 1.   Leia também: Jardim de Alah no Rio: uma concessão sem projeto. Pode?, de Sonia Rabello(Leia mais)

Pão de Açúcar na mira da Unesco e da Justiça brasileira, de Sonia Rabello

Neste artigo, publicado originalmente no site “A Sociedade em Busca do seu Direito”, a professora e jurista Sonia Rabello afirma que a Unesco está de olho no Pão de Açúcar, nas obras de perfuração e corte da rocha monumental que a empresa privada Companhia Aérea Pão de Açúcar estava lá realizando, para pendurar quatro tirolesas dali até o Morro da Urca. “É preciso destacar que o Brasil, o Estado do Rio e a Prefeitura, em 2012, pediram e obtiveram junto a este órgão o título de Patrimônio Mundial da Paisagem Cultural da Cidade do Rio de Janeiro, que muito favorece o turismo e a economia, mas carrega também consigo compromissos internacionais. “”É ilusório pensar que, no caso, poderia ser dado aquele `nosso jeitinho´, tendo de um lado o bônus, – o título – mas, por outro lado, apostar no esquecimento(Leia mais)

Prédio do antigo Automóvel Club, que venha a recuperação!

Após anos entre ao abandono e alvo de inúmeros questionamentos sobre o seu destino, uma joia do nosso patrimônio histórico, o prédio do Automóvel Club no Centro do Rio poderá finalmente ter a sua revitalização posta em prática. Segundo publicação no O Globo, um espaço para estudo sobre Inteligência Artificial será instalado no local. O espaço já passa por ações de renovação e a previsão é que a inauguração ocorra no próximo ano. Não é a primeira vez que se anuncia a recuperação da construção magnífica. É desejável que possa haver acesso do público para conhecer parte da história da nossa cidade. Que se realize em breve! Urbe CaRioca Em parceria com a prefeitura, Coppe vai instalar hub de inteligência artificial no Automóvel Club Por Felipe Grinberg — O Globo Link original Em parceria com a prefeitura do Rio, o(Leia mais)

Parker

Rio de Janeiro, 05 de julho de 2023. A Papelaria tem um Café ou o Café tem uma Papelaria, tanto faz. Estão juntos, um sempre me leva ao outro. Sento-me à mesa ao lado da vitrine. Atrás da transparência, a profusão de cores lembra fogos de artifício sem fogo e barulho. A explosão silenciosa espalha o arco-íris feito de canetas, lápis, papéis e enfeites. No meio do mosaico que vejo em movimento como se através de um caleidoscópio, algo quase sem cor rouba meus olhos. Os reflexos no vidro me confundem. Sim, é ela! Ainda existe! Está quieta, repousa no veludo vestida de preto e dourado à espera de um dono. Sem se mexer me empurra para mais de meio século atrás. No Curso Primário havia um ano em que passávamos da escrita com lápis para o uso da caneta,(Leia mais)